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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />

138<br />

Capítulo 3<br />

Da análise <strong>de</strong>stas ―arquitectura em transição‖ po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>duzir diversas<br />

conclusões. Em primeiro lugar, exceptuando o edifício do Quelhas para a Emissor<br />

Nacional, existiu uma transição mais prolongada entre a chamada fase ―mo<strong>de</strong>rnista‖ (ou<br />

―para-mo<strong>de</strong>rnista‖) e o retorno ao tradicional, sendo que entre a primeira fase e o segundo<br />

período conceptuais a transição fora mais abrupta e <strong>de</strong> ruptura mais assumida. Em segundo<br />

lugar, existe um ―período cinzento‖, por assim dizer, entre 1940 e 1948, no qual os<br />

projectos <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> parecem traduzir uma lógica <strong>de</strong> compromisso integrando<br />

elementos <strong>de</strong> linguagens diversas. Por fim, todos os imóveis construídos afirmam um<br />

mo<strong>de</strong>lo, possuindo contudo elementos dissonantes do programa formal presumido.<br />

Para além <strong>de</strong>ste período existirão outros espécimes <strong>de</strong> ―arquitectura(s) em<br />

transição‖ <strong>de</strong>senhado por <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. Falamos, contudo, <strong>de</strong> uma transição que não<br />

chegou a haver. Os prédios construídos na avenida 5 <strong>de</strong> Outubro, em Santarém, nos finais<br />

da década <strong>de</strong> sessenta 474 , po<strong>de</strong>riam perspectivar uma nova viragem estética na obra <strong>de</strong><br />

<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. De facto, são ―prédios <strong>de</strong> rendimento‖, do que se po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>signar uma<br />

arquitectura corrente, todavia incluíam referências à década <strong>de</strong> 30. Não era inocente a pala<br />

<strong>de</strong> betão sobre uma das entradas, nem o seriam os ladrilhos geométricos nas portas. A<br />

configuração das janelas e das varandas também se po<strong>de</strong> reportar a essas, à época ―já<br />

antigas‖ referências mo<strong>de</strong>rnas 475 .<br />

Estes projectos acabaram por ser dos últimos que conhecemos do traço <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong> 476 . Terão ter sido, possivelmente, um ensaio <strong>de</strong> actualização <strong>de</strong> uma produção<br />

arquitectónica embrenhada em mo<strong>de</strong>los tradicionais. Não é, no entanto, provável essa<br />

hipótese. Em primeiro lugar, consi<strong>de</strong>ramos, mais uma vez o peso do factor encomenda. Em<br />

segundo lugar, as pequenas referências ―para-mo<strong>de</strong>rnas‖, por assim dizer, <strong>de</strong>stes prédios já<br />

estavam bastante <strong>de</strong>sfasadas do que se ia passando no <strong>de</strong>bate arquitectónico dos anos 60.<br />

Em verda<strong>de</strong>, mais facilmente estes projectos po<strong>de</strong>m ter constituído uma versão já tardia <strong>de</strong><br />

um chamado ―mo<strong>de</strong>rnismo regional‖ — segundo a perspectiva já citada <strong>de</strong> Carlos<br />

474 Veja-se ―Projecto <strong>de</strong> arquitectura‖ em Processo <strong>de</strong> prédio <strong>de</strong> rendimento na avenida 5 <strong>de</strong> Outubro, n.º 38, processo<br />

658/1965, Arquivo do Departamento <strong>de</strong> Urbanismo da Câmara Municipal <strong>de</strong> Santarém (ADGUA); ―Projecto <strong>de</strong><br />

arquitectura para Prédio <strong>de</strong> apartamentos para Maria Helena <strong>de</strong> Sá Nogueira, na Av. 5 <strong>de</strong> Outubro, n.º 38, em Santarém‖,<br />

1964, em Espólio <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, Arquivo particular <strong>de</strong> Rodrigo Pessoa e ―Projecto <strong>de</strong> arquitectura Prédio <strong>de</strong><br />

apartamentos para Guilherme Monteiro Pereira, na Av. 5 <strong>de</strong> Outubro n.º 40, em Santarém‖, 1966, em Espólio <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />

<strong>Pinto</strong>, Arquivo particular <strong>de</strong> Rodrigo Pessoa.<br />

475 NORAS, José R. Fotos <strong>de</strong> prédios na avenida 5 <strong>de</strong> Outubro, Santarém, Março <strong>de</strong> 2009 — Arquivo <strong>de</strong> José R. Noras<br />

476 O último projecto <strong>de</strong> que temos conhecimento foi o ―Projecto <strong>de</strong> habitação para Júlio Camilo Fernan<strong>de</strong>s, em Bucelas,<br />

1967, Espólio <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> — Arquivo particular <strong>de</strong> Rodrigo Pessoa.

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