Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
128<br />
Capítulo 3<br />
inclinado, do 1.º balcão, que termina em duas consolas, como a ondulação sucessiva dos<br />
remates das duas varandas laterais do 2.º balcão.<br />
A iluminação com distribuição inteligente oferece-nos um conjunto <strong>de</strong> tons muito<br />
feliz. Conjugando o branco, o ver<strong>de</strong>, o vermelho e o liláz(…) 439 — escrevia assim o<br />
jornalista, do Correio da Extremadura, um conjunto <strong>de</strong> lâmpadas <strong>de</strong> néon. Estas luzes<br />
artificiais estavam dispostas disfarçadamente, nos recortes e nas reentrâncias <strong>de</strong> todo o<br />
espaço arquitectónico e assim proporcionavam um efeito <strong>de</strong> luz indirecta. Os jogos <strong>de</strong> luz<br />
beneficiavam da utilização <strong>de</strong> néons e <strong>de</strong> vidros opalinos (novida<strong>de</strong> técnica amplamente<br />
divulgada na arquitectura dos anos 30) 440 . Estes jogos <strong>de</strong> luz, não eram <strong>de</strong>ixados ao acaso e<br />
não se esgotavam na sua função <strong>de</strong>corativa, po<strong>de</strong>riam ainda ser utilizados nos espectáculos<br />
<strong>de</strong> teatro e cinema, se tal fosse necessário. Durante o dia a luz jorrava pelos foyers e halls<br />
através das janelas, das portas e dos janelões, que rasgavam a fachada. Neste Teatro, como<br />
afirma Jorge Custódio: na iluminação e nos seus aspectos técnicos e <strong>de</strong>corativos, nada<br />
está ao acaso 441 .<br />
Em ambos foyers foi mantida a linha elegante e a sobrieda<strong>de</strong> da <strong>de</strong>coração. As<br />
patines do chão pavimentado, jogavam com luz, com a sua ausência e com a disposição do<br />
mobiliário. No 1.º foyer funcionava esporadicamente um bar, <strong>de</strong>stinado a um público <strong>de</strong><br />
maior requinte. As mesas, feitas em ma<strong>de</strong>ira e em ferro, moldavam suavemente o ambiente<br />
<strong>de</strong>sse espaço vestibular. Existiam outros efeitos <strong>de</strong>corativos, realizados através do<br />
mobiliário. Refiram-se, por exemplo, as vitrinas <strong>de</strong> ferro pintado a vermelho ou, ainda, os<br />
espelhos com fechaduras metálicas em semi-circulo, nos quais portas <strong>de</strong> dois batentes<br />
jogavam entre si formando um círculo 442 .<br />
Uma questão essencial para construção <strong>de</strong> um teatro é o palco. Como temos vindo a<br />
constatar, neste novo projecto, o palco era bastante reduzido para proveito da plateia. No<br />
entanto, isso parece não ter hipotecado as suas funções teatrais. Perfeitamente adaptado<br />
para écran <strong>de</strong> cinema, o palco possuía ainda espaço aceitável para a representação teatral.<br />
439<br />
―O novo teatro Rosa Damasceno – é inaugurado em breve, traduzindo um importante melhoramento para Santarém‖,<br />
Correio da Extremadura, Santarém, n.º 2458, 11 <strong>de</strong> Junho 1938, p. 1.<br />
440<br />
LOPES, Tiago Soares, ob. cit., p. 61 a 66.<br />
441<br />
Custódio, Jorge, ―Teatro Rosa Damasceno‖ [Memória <strong>de</strong>scritiva], em Património Monumental <strong>de</strong> Santarém –<br />
Inventário, <strong>Estudo</strong>s Descritivos‖, p.218.<br />
442<br />
Custódio, Jorge, Teatro Rosa Damasceno – fundamentação para a classificação como Imóvel <strong>de</strong> Interesse Público, p.<br />
14.