Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
87<br />
Capítulo 3<br />
primeiro e segundo pisos. Na cobertura foi utilizado um telhado <strong>de</strong> quatro águas, sendo<br />
empregue telha portuguesa e telha <strong>de</strong> Marselha 301 .<br />
Na planta prevêem-se quatro pisos: cave, rés-do-chão, 1.º andar e sótão. Na cave,<br />
localizavam-se: uma ―garagem ampla para 2 carros gran<strong>de</strong>s‖; a casa da cal<strong>de</strong>ira; uma sala<br />
<strong>de</strong> jogos; duas arrecadações e uma garrafeira. Este piso aproveitava o <strong>de</strong>snível do terreno<br />
para a entrada dos carros, sendo que a garagem possuía uma ligação directa ao interior da<br />
casa, para além da escada <strong>de</strong> serviço.<br />
No rés-do-chão, a entrada principal dava acesso a um átrio com ligação ao ―gran<strong>de</strong><br />
hall‖ e à ―sala <strong>de</strong> estar e <strong>de</strong> comer‖. Em comunicação com a sala <strong>de</strong> comer ficavam as<br />
copas, a cozinha, uma ―sala <strong>de</strong> engomar‖, a dispensa e um roupeiro. A escada <strong>de</strong> serviço<br />
permitia uma entrada autónoma, nas traseiras para estes espaços domésticos. O hall<br />
estabelecia uma ligação com outra ala do piso térreo, on<strong>de</strong> ficavam os quatro quartos e a<br />
casa <strong>de</strong> banho. Esta configuração <strong>de</strong>finia três zonas para o piso térreo: a zona central, <strong>de</strong><br />
recepção; a zona da direita, para serviços e pessoal; e a zona da esquerda para intimida<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> repouso. Assim, este piso térreo funcionava como habitação autónoma para o filho do<br />
proprietário e família. O segundo piso reproduzia integralmente a configuração do primeiro<br />
na disposição dos espaços. Contudo, existiram menos dois quartos substituídos por um<br />
―terraço‖ ou varanda em consola. A lógica <strong>de</strong> três áreas funcionais prevalece. Este piso<br />
<strong>de</strong>stinava à habitação do proprietário e esposa. Acedíamos ao sótão através da escada <strong>de</strong><br />
serviço prolongada no corpo direito. O aproveitamento do espaço permitia a utilização do<br />
esconso para arrumos, bem como a criação dos aposentos das criadas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do<br />
resto da moradia. Essa ―habitação das criadas‖ possuía um espaço <strong>de</strong> arrumos, um quarto e<br />
uma sala <strong>de</strong> banhos 302 .<br />
A <strong>de</strong>coração interior segue o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Gouveia, no <strong>de</strong>senho dos móveis e das<br />
estruturas internas, na utilização dos materiais, no requinte e na harmonia dos conjuntos.<br />
Os móveis interiores resultam <strong>de</strong> uma noção exaustiva <strong>de</strong> aproveitamento do espaço,<br />
verificada não só nos mais comuns armários embutido, mas também nas gavetas dos <strong>de</strong><br />
graus <strong>de</strong> algumas escadas ou na utilização do esconso no sobrado. A gran<strong>de</strong> escada do átrio<br />
301 Em ambos os casos, Alvala<strong>de</strong> e São Bento, o sobrado é em ma<strong>de</strong>ira e o telhado em telha <strong>de</strong> Marselha. Não<br />
se verificando a construção <strong>de</strong> um sobrado em aço, como no projecto para Lopes da Costa.<br />
302 PINTO, <strong>Amílcar</strong>, ―Memória Descritiva do Projecto da Moradia que Exm.º Sr. Alberto Maria Bravo preten<strong>de</strong> fazer no<br />
seu terreno na rua Epifânio Dias, Freguesia <strong>de</strong> Arroios‖ em Documentação processual em Processo <strong>de</strong> Obra n.º 14781 —<br />
Processo: 21346/DAG/1953 em Arquivo Municipal <strong>de</strong> Lisboa, fl. 2 e 3