Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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As multiplicida<strong>de</strong>s do traço — uma análise sistemática da obra <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
71<br />
Capítulo 3<br />
Os dois alçados, as duas plantas e o corte por A/B publicados previam um edifício<br />
austero e <strong>de</strong>spido <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração, cuja tipologia se aproximava das construções escolares.<br />
Tratar-se-ia <strong>de</strong> um imóvel sem gran<strong>de</strong> valor arquitectónico, provavelmente seguindo as<br />
tendências das construções <strong>de</strong> asilos (incluindo uma capela anexa), mas privilegiando a<br />
economia da meios e <strong>de</strong> materiais. Durante a pesquisa <strong>de</strong> campo não foi possível<br />
i<strong>de</strong>ntificar, com certezas, o imóvel. 260<br />
3.1.1.2.1 - Um “palacete” em Beja<br />
Na cida<strong>de</strong> Beja, no âmago do centro-histórico da povoação, localiza-se uma obra<br />
paradigmática <strong>de</strong>sta fase, que categorizámos como tradicionalista, na carreira <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong><br />
<strong>Pinto</strong>. Construída em meados dos anos 20, trata-se da moradia para António Joaquim<br />
Palma, cujo projecto, como já escrevemos, foi publicado em A Arquitectura Portuguesa 261 .<br />
Na realida<strong>de</strong>, sendo um dos primeiros projectos <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> — o segundo que<br />
conhecemos para o programa <strong>de</strong> habitação unifamiliar — traduzia algumas especificida<strong>de</strong>s<br />
linguísticas no contexto da arquitectura tradicional.<br />
A entrada principal, <strong>de</strong>senhada em gaveto, permitiu a criação <strong>de</strong> uma elegante<br />
janela <strong>de</strong> sacada, com uma varanda aparente e um lambril <strong>de</strong> azulejos sobre o peitoril<br />
superior da janela. Através da porta principal, no gaveto, temos acesso a uma área<br />
vestibular com pequenas escadarias simétricas ro<strong>de</strong>ando o espaço <strong>de</strong> forma cenográfica.<br />
Estas escadas, por sua vez, <strong>de</strong>sembocam numa pequena câmara com funções <strong>de</strong><br />
bengaleiro, pela qual se ace<strong>de</strong> ao ―gran<strong>de</strong> hall‖. Neste espaço vestibular, uma escada em<br />
ma<strong>de</strong>ira (pau santo trabalhado) permite a comunicação entre os vários espaços da moradia.<br />
No piso térreo, na ala esquerda, dispõem-se: uma pequena saleta, uma vasta sala <strong>de</strong> jantar,<br />
um escritório e uma estufa coberta, com comunicação entre si. Ao escritório tem-se acesso<br />
por meio <strong>de</strong> um corredor comunicante com o gran<strong>de</strong> ―hall‖ ou por outro, mais pequeno,<br />
que <strong>de</strong>semboca no jardim interior. Entre o escritório e a sala <strong>de</strong> estar localizam-se os<br />
lavabos 262 .<br />
260 De facto, este projecto po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r à actual Fundação Manuel Gerardo Sousa e Castro, construída em Beja e<br />
inaugurada em 1933, veja-se ficha <strong>de</strong> inventário 932.SRP.04.P<br />
261 ―Arquitectura Tradicional Portuguesa – Casa do Sr. António Joaquim Palma na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Beja‖, em ob. cit, i<strong>de</strong>m,<br />
Julho <strong>de</strong> 1925, p. 25 a 28.<br />
262 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, p. 26.