Manual de Metodologia e Boas Práticas para a Elaboração de um ...
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Sinalética <strong>de</strong> Zona 30 e Zona Mista com<br />
priorida<strong>de</strong> ao peão. Ambas não<br />
regulamentadas em Portugal.<br />
Criterios <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>: Zonas 30,<br />
RACC, 2007<br />
7 Para quem ache que são conceitos <strong>de</strong>masiado<br />
arriscados em Portugal, relembra-se que a<br />
maior parte das opções recentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho<br />
urbano em zonas históricas em Portugal<br />
optam, e bem, pela eliminação dos passeios.<br />
No entanto, o código da estrada, não consi<strong>de</strong>ra<br />
a existência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> ruas, per<strong>de</strong>ndo-se os<br />
direitos legais dos peões e equi<strong>para</strong>dos n<strong>um</strong><br />
“cinzento” legislativo.<br />
106<br />
Um automóvel sobre o passeio, <strong>para</strong> além <strong>de</strong> ser <strong>um</strong>a prática intolerável<br />
que mata lentamente as nossas cida<strong>de</strong>s, obriga os peões a exporem-se ao<br />
perigo e escon<strong>de</strong> com frequência o movimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a criança.<br />
A correcta priorida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senho urbano <strong>de</strong>verá ser: a vida, as pessoas,<br />
os espaços, os edifícios e os carros. Nunca o contrário.<br />
Não há razões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senho urbano privilegiar sistematicamente o<br />
automóvel obrigando sempre o peão a <strong>de</strong>scer do passeio cada vez que<br />
quer atravessar <strong>um</strong>a rua, tornando a subir <strong>para</strong> continuar o seu percurso.<br />
Em muitos casos é mais apropriado o contrário: obrigar o automóvel a<br />
subir <strong>para</strong> a altura do passeio cada vez que intercepta <strong>um</strong> percurso pedonal.<br />
Temos que apren<strong>de</strong>r a re<strong>de</strong>senhar o espaço urbano dando-lhe mais<br />
características <strong>de</strong> “sala <strong>de</strong> estar” em vez dos actuais “corredores”. Isto<br />
é potenciando as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> convivialida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento da<br />
utilização “<strong>de</strong> passagem”.<br />
É necessário apostar na aplicação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> acalmia <strong>de</strong> tráfego, nos<br />
nossos bairros, em torno das nossas escolas e em muitas das nossas<br />
estradas. Mas não é através da segregação forçada entre modos <strong>de</strong><br />
transportes que se conseguirá <strong>um</strong>a verda<strong>de</strong>ira cultura <strong>de</strong> segurança e<br />
civismo. Em muitas circunstâncias a aposta <strong>de</strong>ver ser dirigida à<br />
convivialida<strong>de</strong> do espaço público em situações <strong>de</strong> coexistência<br />
<strong>de</strong>vidamente pon<strong>de</strong>radas e <strong>de</strong>senhadas. É importante que esta nova<br />
aproximação ao <strong>de</strong>senho urbano seja feita com competência e legitimado<br />
pelo código da estrada, a exemplo das “zones <strong>de</strong> rencontre” belgas ou<br />
suíças: ruas sem passeios com priorida<strong>de</strong> a peões7 .<br />
No entanto estes princípios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho urbano e acalmia <strong>de</strong> tráfego não<br />
<strong>de</strong>vem ser entendidos como do domínio dos técnicos <strong>de</strong> planeamento,<br />
engenharia ou arquitectura e <strong>de</strong>vem ter a participação activa <strong>de</strong> todos.<br />
Deve ser aprendido por todos os agentes que fazem a cida<strong>de</strong> ser como é:<br />
condutores, peões, políticos, técnicos, agentes <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, etc. Só assim<br />
se interioriza <strong>um</strong>a cultura <strong>de</strong> respeito e segurança.<br />
Tanto o novo código da estrada, como a educação <strong>para</strong> a segurança, como<br />
o <strong>de</strong>senho urbano e a engenharia <strong>de</strong> tráfego, <strong>de</strong>ve incluir o princípio geral<br />
da prudência, impor e garantir o respeito do mais forte em relação ao<br />
mais vulnerável. Tal como em muitos dos códigos da estrada europeus, o