Valores Naturais - CCDR-LVT
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PROT-AML Saneamento Básico, Recursos Hídricos e Poluição Hídrica 216<br />
nomeadamente no que diz respeito aos parâmetros<br />
microbiológicos e aos metais pesados.<br />
No que se refere ao estado trófico actual<br />
do Estuário, os estudos realizados revelam<br />
que as concentrações médias de azoto, de clorofila<br />
a e de oxigénio dissolvido não traduzam<br />
a ocorrência de processos de eutrofização.<br />
A situação trófica actual do Estuário é considerada<br />
equilibrada, não havendo condições de anóxia,<br />
mesmo junto ao fundo, e sendo as concentrações<br />
de clorofila a razoáveis para um estuário deste tipo.<br />
Afigura-se importante referir que, apesar<br />
das elevadas cargas poluentes que são lançadas<br />
no Estuário, o seu regime hidrodinâmico,<br />
com entrada e saída de grandes volumes de<br />
água duas vezes por dia, contribui para a atenuação<br />
dos problemas de poluição, na medida em<br />
que assegura a renovação da água e dos níveis<br />
de oxigénio dissolvido, favorecendo a diluição dos<br />
poluentes e a sua constante remoção e degradação.<br />
No entanto, em determinadas zonas críticas,<br />
como sejam o troço compreendido entre Vila<br />
Franca de Xira e Póvoa de St.ª Iria, na margem<br />
Norte, na zona ribeirinha adjacente á área<br />
Almada/Seixal/Barreiro e nas zonas mais confinadas<br />
do Estuário, junto ao Barreiro e ao Seixal,<br />
na margem Sul, continuam a registar-se situações<br />
de poluição que atingem alguma gravidade.<br />
Estuário do Sado<br />
Identificação das Principais<br />
Fontes de Poluição<br />
O Estuário do Sado tem servido ao longo<br />
dos últimos 40/50 anos como meio receptor<br />
de águas residuais domésticas e industriais,<br />
quer directamente, quer através das linhas<br />
de água que a ele afluem.<br />
Uma das mais importantes fontes de poluição<br />
do Estuário está associada ao lançamento das águas<br />
residuais das cidades de Setúbal e Alcácer do Sal.<br />
Estima-se que a primeira contribua em cerca<br />
de 50% para o total de carga poluente de origem<br />
doméstica lançada no Estuário e o conjunto<br />
das duas cidades em cerca de 74%.<br />
As águas residuais da grande maioria<br />
dos aglomerados urbanos são lançadas nos meios<br />
hídricos sem qualquer tratamento prévio, como<br />
é o caso das geradas na Cidade de Setúbal.<br />
Para além da poluição de origem doméstica,<br />
o Estuário recebe cargas poluentes significativas<br />
provenientes das actividades agro-pecuárias.<br />
Dentro destas actividades, assumem especial<br />
relevância as suiniculturas e a cultura de arroz.<br />
Esta última, ao recorrer ao uso intensivo<br />
de fertilizantes e fitofármacos, constitui<br />
uma fonte importante de poluição do Estuário<br />
por nutrientes e pesticidas.<br />
As fontes poluidoras de origem industrial<br />
encontram-se localizadas sobretudo na área<br />
da Cidade de Setúbal, onde se concentram cerca<br />
de 55% do total de unidades industriais existentes<br />
na zona do Estuário. Entre as unidades localizadas<br />
na área da Cidade destacam-se, pelas elevadas<br />
cargas poluentes potenciais, os estaleiros<br />
da SETENAVE, as unidades produtoras de pasta<br />
de papel e derivados – PORTUCEL e INAPA –<br />
a fábrica de adubos SAPEC e a Central Térmica<br />
de Setúbal.<br />
A grande maioria das actividades mais poluentes<br />
(indústrias e actividades portuárias) está localizada<br />
ao longo do Canal Norte do Estuário. As descargas<br />
dos efluentes dessas indústrias caracterizam-se<br />
por apresentar concentrações importantes de<br />
compostos orgânicos sintéticos (TBT´s, detergentes,<br />
PCB´s e DDT) e metais pesados.<br />
As actividades industriais localizadas na zona<br />
de montante do Estuário que maior impacto<br />
negativo produzem sobre a qualidade da água<br />
do Estuário são as fábricas de concentrado de<br />
tomate e os lagares de azeite. A estas deve<br />
acrescentar-se as explorações mineiras de Aljustrel,<br />
Lousal e Caveira. A descarga das águas de<br />
escorrência, caracterizadas por valores baixos<br />
de pH e pela presença de metais pesados, como<br />
por exemplo cobre, zinco e cádmio, provoca<br />
alterações na qualidade das águas da Ribeira<br />
do Roxo, que se fazem sentir no Rio Sado.<br />
Em conclusão, as indústrias implantadas na zona<br />
do Estuário geram efluentes que, ao serem lançados<br />
nesse meio receptor sem tratamento adequado,<br />
provocam graves problemas de contaminação,<br />
em virtude da presença, em concentrações elevadas,<br />
de matéria orgânica e de substâncias tóxicas,<br />
como sejam metais pesados.<br />
De acordo com as conclusões de um estudo<br />
efectuado pelo INETI, datado de 1987, a poluição<br />
industrial afluente ao Estuário do Sado atinge<br />
cerca de 0,66 milhões de habitantes equivalentes,<br />
o que corresponde à descarga diária, sem qualquer<br />
tipo de tratamento, de uma população de 660 mil<br />
habitantes, ou seja cerca de 6 vezes a população