Valores Naturais - CCDR-LVT
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PROT-AML Conservação da Natureza 39<br />
testemunham provavelmente outros climas<br />
e condicionantes ecológicas pretéritas desaparecidas<br />
da região. Estas populações de espécies vegetais por<br />
terem desde há muito tempo perdido a capacidade<br />
de se relacionarem geneticamente com outras<br />
populações congéneres actualmente distantes, terão<br />
desenvolvido aspectos fisiológicos e morfológicos<br />
particulares bem patentes nos comportamentos<br />
ecológicos que exibem, contribuindo para a<br />
diversificação e enriquecimento genético das<br />
respectivas espécies.<br />
Fauna<br />
A boa qualidade estrutural e moderada intervenção<br />
humana desta área potencia a ocorrência de uma<br />
fauna rica e diversificada, em particular de aves<br />
de cariz florestal.<br />
Conflitos e Ameaças<br />
– Aumento da área agrícola e área de pastagens<br />
como sub-coberto de montado.<br />
– Desmatação frequente de subcobertos florestais.<br />
– Sobrepastoreio de bovinos.<br />
– Abertura de novos caminhos (sensu consequências<br />
negativas da eliminação de habitats importantes<br />
e ecologicamente particulares).<br />
N9)<br />
LAGOAS DO POCEIRÃO<br />
Este local caracteriza-se pela ocorrência de<br />
importantes extensões de matos e matagais,<br />
existindo no seu interior diversas zonas húmidas<br />
designadamente lagoas, charcas e surgências.<br />
Estas situações ecológicas, de grande importância<br />
para a conservação da biodiversidade e dos recursos<br />
naturais, revestem-se por uma flora reliquial notável,<br />
extraordinariamente bem preservada no local<br />
indicado na cartografia anexa. A zona mais<br />
importante deste biótopo e respectiva flora localiza-<br />
-se nas imediações da povoação do Poceirão.<br />
Uma zona secundária igualmente importante para<br />
o sucesso da conservação da biodiversidade na<br />
região localiza-se a cerca de 500m para noroeste<br />
do vértice geodésico de Alagoiças. Este segundo<br />
local, não representado na cartografia anexa,<br />
é marginado pelo lado Norte junto da povoação de<br />
Faias pela estrada nacional Montijo-Vendas Novas.<br />
Os matos higrófilos deste tipo de biótopos húmidos,<br />
praticamente sem cobertura arbórea na zona<br />
cartografada, estendiam-se num passado recente<br />
por vastas áreas designadamente pelos pinhais<br />
de Valdera e Alguruz. Estes pinhais foram<br />
recentemente eliminados e substituidos por<br />
actividades agrícolas com regas forçadas e pela<br />
vitivinicultura.<br />
<strong>Valores</strong> <strong>Naturais</strong><br />
Flora e Comunidades Vegetais<br />
Salienta-se neste pequeno território a ocorrência<br />
de populações geograficamente disjuntas de plantas<br />
preferentes de climas e solos de expressão mais<br />
atlântica. A sua ocorrência em climas de tendência<br />
fortemente mediterrânica como é o caso do que<br />
caracteriza a região de Lisboa é por isso um factor<br />
notável e provavelmente marcante de diversificação<br />
genética. As lagoas do Poceirão representam um<br />
dos melhores locais onde se preservam num estado<br />
de conservação ainda bastante favorável,<br />
comunidades vegetais designadas no elenco<br />
de habitats da Directiva 92/43/CEE sob o item<br />
“Charcos temporários mediterrânicos“ (habitat<br />
prioritário) e “Águas oligotróficas muito pouco<br />
mineralizadas das planícies arenosas do oeste<br />
mediterrânico com Isoetes“.<br />
O estado de conservação destes biótopos é neste<br />
território normalmente excelente e por isso a<br />
transição das comunidades húmidas para as<br />
comunidades de solos enxutos é gradual, indiciando<br />
padrões de excepcional naturalidade.<br />
O território das Lagoas do Poceirão é ainda<br />
o único local conhecido a Norte do Sado que<br />
integra a espécie prioritária da Directiva Habitats<br />
– Hyacinthoides italica (incl. H. vicentina). Também<br />
um dos raros locais onde ocorre Myosotis sicula.<br />
Fauna<br />
As charcas e lagoas temporárias englobadas<br />
nesta área assumem importância regional para<br />
a manutenção da comunidade de anfíbios, em<br />
particular como locais de postura e abrigo durante<br />
os estados larvares. A relevância da sua utilização<br />
como pontos de “descanso“ durante as migrações<br />
reprodutoras de algumas espécies de anfíbios,<br />
apesar de bastante plausível carece de confirmação<br />
“in loco“