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Consulta Rápida - Psicofármacos - 1Ed.pdf

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FLUOXETINA<br />

MEDICAMENTOS: INFORMAÇÕES BÁSICAS<br />

em pacientes com doença hepática, naqueles com<br />

algum grau de insuficiência renal ou em idosos.<br />

Administrar durante ou logo após as refeições para<br />

evitar irritação gástrica, em dose única. Preferir<br />

para evitar insônia, embora eventualmente possa<br />

provocar sonolência. Nesses casos, pode ser utilizada<br />

à noite.<br />

As formulações para liberação lenta entérica, com<br />

a administração de uma cápsula semanal, em<br />

princípio produzem menos efeitos colaterais digestivos<br />

e podem ser interessantes para o uso prolongado<br />

nos tratamentos de manutenção. Para<br />

utilização dessa apresentação, interrompe-se a<br />

fluoxetina (20mg) e inicia-se a fórmula de liberação<br />

lenta semanal 1 a 7 dias depois: idealmente<br />

no terceiro dia.<br />

FARMACODINÂMICA<br />

E MECANISMOS DE AÇÃO<br />

A fluoxetina é um antidepressivo inibidor seletivo<br />

da recaptação de serotonina (ISRS). No entanto,<br />

além desse efeito, existe uma seqüência de outras<br />

ações, talvez as verdadeiras responsáveis pelo<br />

efeito antidepressivo, que convém destacar.<br />

Quando um ISRS é administrado, o efeito imediato<br />

é o bloqueio da bomba de recaptação da serotonina.<br />

Essa ação causa o aumento súbito da serotonina<br />

predominantemente nas áreas somatodendríticas<br />

(fenda sináptica em torno dos dendritos<br />

do corpo celular) e, com isso, a maior disponibilidade<br />

de serotonina para determinados receptores<br />

5HT e em determinadas regiões do cérebro.<br />

Essa maior disponibilidade imediata de serotonina<br />

seria a responsável pelos efeitos colaterais.<br />

Entretanto, nos terminais axônicos, onde presumivelmente<br />

a serotonina é necessária para exercer<br />

sua ação terapêutica, ela é mais tardia.<br />

Se o ISRS é administrado cronicamente, o aumento<br />

sustentado de serotonina na área somatodendrítica<br />

causa uma dessensibilização dos auto-receptores<br />

5HT1A dessa área (down regulation). Em<br />

função da sua dessensibilização, não detectam<br />

as altas quantidades de serotonina existentes nessa<br />

área e enviam uma mensagem para os terminais<br />

axônicos liberarem mais serotonina na fenda<br />

sináptica, desinibindo a neurotransmissão serotonérgica.<br />

Essa ativação é tardia quando comparada<br />

ao aumento de serotonina nas áreas somatodendríticas<br />

dos neurônios serotonérgicos. Esse<br />

atraso é o resultado do tempo que leva para a<br />

dessensibilização dos auto-receptores serotonérgicos<br />

5HT1A e para a desinibição do fluxo de impulsos<br />

neuronais nos neurônios serotonérgicos.<br />

Esse tempo despendido pode ser o responsável<br />

pela ação terapêutica não imediata dos ISRSs.<br />

Em resumo: após os ISRSs terem 1) bloqueado a<br />

bomba de recaptação de serotonina, 2) aumentado<br />

a serotonina na área somatodendrítica, 3) dessensibilizado<br />

os auto-receptores 5HT1A, 4) desinibido<br />

o fluxo de impulsos neuronais, e 5) aumentado<br />

a liberação de serotonina nos terminais axônicos,<br />

o passo final é 6) a dessensibilização dos<br />

receptores serotonérgicos pós-sinápticos. Essa<br />

dessensibilização pode contribuir tanto para a<br />

ação terapêutica dos ISRSs como para o desenvolvimento<br />

de tolerância a estes medicamentos. 18<br />

A fluoxetina não bloqueia a recaptação da NE e<br />

da DA. Aparentemente não tem afinidade pelos<br />

receptores muscarínicos (colinérgicos), histamínicos<br />

(H1), α-1-adrenérgicos, 5HT1 e 5HT2,o que<br />

explica a menor incidência de efeitos colaterais.<br />

Não possui ação sobre a MAO. Parece causar algum<br />

bloqueio dopaminérgico e de dessensibilização<br />

dos receptores 5HT1 e 5HT2. Tanto a fluoxetina<br />

como a norfluoxetina exercem ações semelhantes.<br />

Por seus efeitos serotonérgicos, causa diminuição<br />

do apetite e do sono, além de disfunções<br />

sexuais. Não produz nenhum efeito mensurável<br />

sobre o eletrocardiograma.<br />

A fluoxetina altera o padrão de sono, levando a<br />

um aumento de fase 1 e da latência para o período<br />

REM e a diminuição do tempo total de sono<br />

REM.<br />

REAÇÕES ADVERSAS<br />

E EFEITOS COLATERAIS<br />

Mais comuns: anorexia, ansiedade, cefaléia, diarréia,<br />

diminuição do apetite, fadiga, inquietude,<br />

dor abdominal, insônia, náuseas, nervosismo, sedação,<br />

sonolência, tonturas.<br />

Menos comuns: acatisia, acne, agitação, agressividade,<br />

agudização de glaucoma, alergia, alopecia,<br />

alteração da função hepática, alteração do<br />

paladar, amenorréia, anemia, angina pectoris, angioedema,<br />

anorgasmia, apatia, anestesia genital,<br />

artralgia, arritmia, astenia, ataxia, aumento do<br />

apetite, boca seca, bocejos, bradicardia, broncoespasmo,<br />

bronquite, bruxismo, calafrios, calorões,<br />

ciclagem rápida, cólica abdominal, congestão nasal,<br />

constipação, convulsão, crises hipertensivas,<br />

déficit de atenção, delírios paranóides, diminuição<br />

da libido, discinesia, dismenorréia, dispnéia, distonia,<br />

distúrbios da coagulação, dor epigástrica, dor<br />

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