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Consulta Rápida - Psicofármacos - 1Ed.pdf

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CLONIDINA<br />

MEDICAMENTOS: INFORMAÇÕES BÁSICAS<br />

No tratamento da síndrome de abstinência ao álcool,<br />

uma metanálise concluiu por sua efetividade<br />

como coadjuvante associada aos benzodiazepínicos,<br />

não recomendando o seu uso isolado 5 .<br />

Nessa condição, recomenda-se o uso de uma dose<br />

de 5 mg/kg/dia, em 3 doses diárias. Não se revelou,<br />

entretanto, efetiva em reduzir os sintomas<br />

da síndrome de abstinência aos benzodiazepínicos<br />

6 .<br />

A clonidina tem sido utilizada no tratamento de<br />

tiques em pacientes portadores da síndrome de<br />

Gilles de La Tourette (é uma opção, além do haloperidol<br />

e da pimozida ou risperidona). Um estudo<br />

mostrou uma eficácia semelhante à da risperidona<br />

nessa condição, e o benefício máximo foi observado<br />

depois de 4 a 6 meses de tratamento 7 . Em um<br />

outro estudo randomizado com crianças e adolescentes<br />

de 7 a 17 anos, também foi observada eficácia<br />

semelhante à da risperidona 8 . Já um estudo<br />

mais recente de metanálise concluiu que a clonidina<br />

é um fármaco com tamanho de efeito menor<br />

que o dos estimulantes, além de apresentar muitos<br />

efeitos colaterais, devendo por esse motivo<br />

ser considerado de segunda linha no tratamento<br />

do TDAH 9 . Mais recentemente, em um estudo<br />

multicêntrico randomizado, duplo-cego, 136 crianças<br />

com TDAH e tiques associados foram tratadas<br />

com metilfenidato, clomipramina ou com a<br />

combinação de ambas e placebo. A clonidina isolada<br />

foi efetiva em reduzir tanto os tiques como<br />

a impulsividade. O estudo verificou que a combinação<br />

de ambas, entretanto, teve eficácia ainda<br />

maior 10 . Na síndrome de Gilles de la Tourette, recomenda-se<br />

iniciar com 0,05 mg/dia e aumentar<br />

gradualmente no decorrer de 2 a 3 semanas até<br />

um total de 0,15 a 0,30 mg/dia.<br />

No tratamento dos sintomas da mania, tem sido<br />

utilizada entre 0,2 a 0,4 mg, 2 vezes ao dia (0,2 a<br />

1,2 mg/dia). Entretanto, sua eficácia nesses quadros<br />

não está estabelecida 11 .<br />

No uso clínico da clonidina, recomenda-se o aumento<br />

gradual da dose de acordo com a tolerância<br />

aos efeitos colaterais. A interrupção do tratamento<br />

deve ser gradual, pois muito freqüentemente<br />

esse fármaco causa hipertensão arterial sistêmica<br />

de rebote e síndrome de abstinência (ver<br />

“Precauções”). No exterior, existem adesivos de<br />

clonidina, que são substituídos a cada 5 dias, e<br />

que proporcionam um nível sérico mais estável e<br />

consistente do fármaco, além da maior facilidade<br />

de administração.<br />

FARMACODINÂMICA<br />

E MECANISMOS DE AÇÃO<br />

A clonidina é um agonista α-2-adrenérgico présináptico.<br />

No SNC, provoca diminuição da atividade<br />

dos neurônios noradrenérgicos. É um antihipertensivo<br />

e age inibindo os centros vasomotores<br />

simpáticos.<br />

O efeito ansiolítico parece ser mediado pela inibição<br />

de neurônios noradrenérgicos no locus ceruleus.<br />

Entretanto, parece haver tolerância a tais<br />

efeitos, o que não ocorre com os efeitos anti-hipertensivos.<br />

Possui ação menos potente nos sistemas<br />

dopaminérgicos, histamínicos e colinérgicos.<br />

Outros estudos observaram que a clonidina bloqueia<br />

a liberação do hormônio do crescimento,<br />

mesmo quando provocado pela administração do<br />

fator liberador, em portadores adultos de transtorno<br />

do pânico e fobia social, e eleva os níveis séricos<br />

de MHPG 12-14 . Essa resposta, entretanto, não<br />

ocorreu em crianças 15 .<br />

REAÇÕES ADVERSAS<br />

E EFEITOS COLATERAIS<br />

Mais comuns: boca seca, constipação, dor epigástrica,<br />

hipotensão postural, sedação, sonolência.<br />

Menos comuns: abstinência, alopecia, alteração<br />

da condução cardíaca, alteração do ECG, arritmias,<br />

bolhas, bradicardia, calorões, cefaléia, dor<br />

epigástrica, edema, edema angioneurótico, fraqueza,<br />

ganho de peso, hepatotoxicidade, hipernatremia,<br />

letargia, mialgia, náuseas, parotidite,<br />

prurido, rash cutâneo, salivação, sudorese, taquicardia,<br />

urticária, xeroftalmia.<br />

INDICAÇÕES<br />

Evidências consistentes de eficácia:<br />

• síndrome de abstinência aos opiáceos 4 ;<br />

• síndrome de abstinência ao álcool associada<br />

aos benzodiazepínicos 5 ;<br />

• síndrome de Gilles de la Tourette 6,10 ;<br />

• transtorno de déficit de atenção com hiperatividade<br />

7-10 ;<br />

• hipertensão.<br />

Evidências incompletas:<br />

• mania;<br />

• hiperexcitação em autistas.<br />

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