Consulta Rápida - Psicofármacos - 1Ed.pdf
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Crianças<br />
Sua hepatotoxicidade é aumentada principalmente<br />
em crianças com menos de dois anos de idade<br />
e que estejam utilizando outros anticonvulsivantes<br />
(chama a atenção que não haja indicação psiquiátrica<br />
razoável para usar valproato antes dos<br />
dois anos de idade) 1 . Existem ainda evidências de<br />
hiperexcitabilidade e disfunção neurológica no<br />
desenvolvimento neuropsicomotor associadas ao<br />
uso de ácido valpróico.<br />
Idosos<br />
O valproato tem um perfil farmacocinético complexo,<br />
que envolve a sua ligação com as proteínas<br />
e o clearence. Em idosos, na medida em que aumentam<br />
as doses, aumenta a fração de valproato<br />
não-ligado às proteínas e diminui o clearence, aumentando<br />
as concentrações plasmáticas. Devese<br />
observar de perto os efeitos colaterais, assim<br />
como realizar mais freqüentemente dosagens séricas<br />
do fármaco nessa população.<br />
LABORATÓRIO<br />
O ácido valpróico raramente interfere em exames<br />
de laboratório. No entanto, provoca um erro para<br />
mais na dosagem de ácidos graxos livres no soro,<br />
e seus metabólitos podem indicar um falso-positivo<br />
para cetonas na urina.<br />
Os níveis séricos devem ser medidos 12 horas após<br />
a última dose, depois de o paciente estar usando<br />
o medicamento por, no mínimo, 5 dias. Níveis séricos<br />
iguais ou superiores a 45 a 50 μg/mL estão<br />
associados com eficácia no tratamento da mania<br />
aguda. Níveis séricos acima de 125 μg/mL estão<br />
relacionados com maior índice de efeitos colaterais<br />
(p.ex., náuseas). Portanto, os níveis séricos para<br />
o tratamento de quadros maníacos agudos devem<br />
se situar entre 45 e 125 μg/mL. Por outro lado,<br />
para quadros de hipomania e para aquelas apresentações<br />
do chamado “espectro bipolar” (p.ex.,<br />
transtornos do humor com alguns componentes<br />
de irritabilidade, hiperatividade, labilidade do humor,<br />
impulsividade, grandiosidade, mas que não<br />
preenchem os critérios do DSM-IV para mania ou<br />
hipomania) 1 não estão bem-estabelecidos os níveis<br />
séricos adequados, assim como também não<br />
estão para a terapia de manutenção de<br />
transtornos do humor bipolar tipo I e II. Em um<br />
único estudo de manutenção feito com valproato<br />
2 , os níveis séricos sugeridos são menores (85<br />
+/- 30 μg/mL) que os necessários para quadros<br />
agudos de mania. Da mesma forma, parece que,<br />
nos quadros de ciclotimia, os pacientes responderiam<br />
também a níveis séricos menores do que os<br />
da mania aguda 18 . Cabe chamar a atenção ao fato<br />
de que as formas de liberação lenta de divalproato,<br />
que estão sendo recentemente introduzidas<br />
no mercado, necessitam de um aumento na sua<br />
dosagem uma vez que apresentam níveis séricos<br />
entre 10 a 15% inferiores aos níveis apresentados<br />
pelas formas tradicionais. Existem estudos acerca<br />
do uso de doses maiores de valproato na mania<br />
aguda para obter início de resposta rápido (“doses<br />
de ataque”) em até 2 dias (uso de 20 a 30 mg/kg<br />
de peso). Esses altos níveis parecem ser tão eficazes<br />
quanto o uso de haloperidol em quadros agudos,<br />
sendo melhor tolerados que este antipsicótico<br />
21, 22 .<br />
Devem ser feitos hemograma com contagem de<br />
plaquetas e provas de função hepática prévias (o<br />
ácido valpróico é hepatotóxico e pode causar<br />
trombocitopenia) periodicamente durante o tratamento.<br />
Em 44% dos pacientes, há aumento das<br />
transaminases hepáticas (o que não significa hepatotoxicidade),<br />
sendo que este regride espontaneamente.<br />
Antes de um procedimento cirúrgico, o tempo<br />
de protrombina e a contagem de plaquetas devem<br />
ser medidos.<br />
PRECAUÇÕES<br />
1. Aumentos leves nas transaminases: não há<br />
necessidade de suspender o ácido valpróico.<br />
2. Aumentos importantes nas transaminases<br />
(três vezes os valores iniciais): suspender temporariamente.<br />
Se houver normalização e o<br />
paciente responder ao tratamento, fazer nova<br />
tentativa.<br />
3. Lembrar que os efeitos colaterais mais comuns<br />
(gastrintestinais) desaparecem depois das primeiras<br />
semanas de uso.<br />
4. Suspender o fármaco caso haja suspeita de<br />
gravidez ou desejo de engravidar.<br />
5. Doses altas podem ser letais: tomar cuidado<br />
com paciente suicida.<br />
6. Evitar o uso de álcool: há potencialização do<br />
efeito depressor do SNC.<br />
7. Deve-se estar atento á presença de sinais de<br />
hepatotoxicidade, de pancreatite (vômitos e<br />
dor abdominal persistentes por mais de 6 semanas)<br />
e de alterações do tempo de protrombina<br />
caso o paciente se submeta a uma cirurgia<br />
ou apresente sangramentos.<br />
ÁCIDO VALPRÓICO<br />
MEDICAMENTOS: INFORMAÇÕES BÁSICAS<br />
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