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Anais 2º Congresso Latino-Americano de Restauraçao de Metais

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4.3 - RESTAURAÇÃO DE PRÉDIOS HISTÓRICOS<br />

Além <strong>de</strong> alguns prédios do Castelo da Fundação Oswaldo Cruz, cujo restauro<br />

participamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988, é importante tecer alguns comentários sobre a<br />

metodologia correta, em nosso entendimento, na restauração <strong>de</strong> prédios históricos,<br />

haja vista que, pelo menos na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, tais monumentos,<br />

sobretudo, aqueles construídos no fim do século XIX e princípio do século XX, são<br />

ecléticos tanto em seus estilos quanto nos materiais empregados. Prédios como a<br />

Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal, o Palácio Pedro Ernesto, o Museu <strong>de</strong> Belas<br />

Artes, o Palácio Tira<strong>de</strong>ntes, foram erigidos em tempos em que não existiam ainda o<br />

concreto protendido, o aço galvanizado, fibras <strong>de</strong> carbono, aços <strong>de</strong> alta resistência<br />

mecânica, e assim por diante. Nestas condições, o primeiro passo a ser<br />

judiciosamente implementado é um levantamento bem <strong>de</strong>finido dos materiais<br />

empregados. Em seguida, <strong>de</strong>termina-se os traços das argamassas empregadas<br />

naquela época e suas corrosivida<strong>de</strong>s em relação ao aço estrutural empregado.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, quando se tem acesso às plantas originais bem como aos arquivos e<br />

a historiadores e museólogos especialistas em tais construções, a tarefa é<br />

drasticamente facilitada. Contudo, nem sempre foi este o caso quando trabalhamos<br />

com estes monumentos. E para proce<strong>de</strong>r às análises químicas, sem retirar corpos <strong>de</strong><br />

prova, ou seja, para realizar análises <strong>de</strong> materiais nos próprios locais, <strong>de</strong>ve-se lançar<br />

mão <strong>de</strong> dois procedimentos preliminares e que, normalmente, fornecem resultados<br />

bastante precisos. Refiro-me aos spots test (reações <strong>de</strong> Feigl) e à microscopia óptica<br />

por réplica. Os primeiros, <strong>de</strong>scobertos pelo gran<strong>de</strong> cientista Fritz Feigl, radicado no<br />

Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a 2 ª guerra mundial, on<strong>de</strong> realizou a maior parte <strong>de</strong> seu trabalho<br />

científico, consiste numa série <strong>de</strong> reagentes específicos para cada metal que, por<br />

análise colorimétrica, i<strong>de</strong>ntifica-os com a precisão <strong>de</strong> ppm. Foi assim que, para<br />

exemplificar, i<strong>de</strong>ntificamos um corrimão da Biblioteca Nacional como sendo em<br />

latão, e não em bronze, pois a reação <strong>de</strong> Feigl acusou a presença <strong>de</strong> cobre e zinco e<br />

não <strong>de</strong> estanho. No Palácio Pedro Ernesto, as reações <strong>de</strong> Feigl foram <strong>de</strong>terminantes<br />

para <strong>de</strong>cidir se uma <strong>de</strong>terminada pintura continha ou não ouro. No Teatro Municipal,<br />

duas bilheterias foram totalmente restauradas através <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> potenciais <strong>de</strong><br />

eletrodo e <strong>de</strong> reações <strong>de</strong> Feigl que <strong>de</strong>finiram a presença <strong>de</strong> zinco recobrindo o ferro<br />

original; neste caso foi proposto uma tinta rica em zinco, após <strong>de</strong>smontagem e total<br />

supervisão da estrutura, a qual se encontra hoje em perfeitas condições e com<br />

praticamente a estrutura original intacta. Vale igualmente ressaltar que, nesses<br />

prédios, o fato acima mencionado da não existência <strong>de</strong> certos materiais, hoje<br />

corriqueiros, como aço galvanizado ou aços inoxidáveis, o reparo do material original<br />

não <strong>de</strong>ve ser realizado com soldas mo<strong>de</strong>rnas nem tampouco materiais mais nobres<br />

que causariam pilhas <strong>de</strong> corrosão extremamente nocivas a curto prazo. Quanto às<br />

argamassas, é <strong>de</strong> fundamental importância que se provi<strong>de</strong>ncie um “extrato aquoso”<br />

das mesmas, o que é facilmente obtido pela diluição em água <strong>de</strong>stilada <strong>de</strong><br />

argamassa removida por carotagem da estrutura. Tal extrato aquoso é o “ eletrólito”<br />

on<strong>de</strong> as ferragens estão imersas e, portanto, possível agente <strong>de</strong> corrosão. Devido a<br />

ida<strong>de</strong> e à infiltrações diversas, observa-se em muitos casos, efeitos danosos <strong>de</strong><br />

certos aditivos “mo<strong>de</strong>rnos” com que se “recuperam” certos monumentos históricos.<br />

As diferenças <strong>de</strong> dilatação, <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> cura, e outros aspectos mais específicos,<br />

po<strong>de</strong>m por vezes serem mais danosos que a ação do tempo.<br />

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