Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

simbólico, que a Bahia dispunha, materializado no seu valioso patrimônio histórico e na
herança de sua formação étnico-social, significativamente influenciada pela cultura africana.
Assim, alicerçada em uma estratégia mercadológica pungente, foram promovidos, na
Bahia e em outros estados, diversos eventos 4 como feiras, exposições, festivais que
divulgavam o Estado como um promissor destino turístico do país, que se distinguia
justamente pela sua “peculiaridade” cultural. Como esclarece Miguez (2002, p.251), o
turismo, nesse momento, vai adentrar no campo cultural e vai, ele próprio, produzir e co-
produzir bens culturais que irão compor o mix de atrativos do “Produto Bahia”. Nesse sentido,
além da promoção intensiva de eventos, a Bahiatursa implementa projetos e programas de
revitalização da cultura popular e promoção do artesanato e do folclore autóctones bem como
a realização de seminários voltados para a formulação de políticas culturais para setores
específicos como saveiros, museus, culinária, folclore, teatro e artesanato – com a
especificidade, inclusive, de serem realizados com a participação dos profissionais envolvidos
nas áreas, como saveiristas, artesãos e artistas. É dessa fase ainda a realização das primeiras
ações com vistas à recuperação da arquitetura histórico-cultural, como o Parque Histórico do
Pelourinho, por exemplo 5 .
4 Data desse período a instalação de escritórios da Bahiatursa no Rio de Janeiro e em São Paulo. Essa medida
fazia parte da estratégia promocional adotada por esse órgão, que tinha por objetivo dinamizar o mercado
interno, atraindo principalmente o contingente de turistas do Centro-Sul do país. Além das campanhas
promocionais que divulgavam os eventos culturais como o carnaval e as festas populares, o marco significativo
dessa estratégia de promoção encabeçada pela Bahiatursa foi a realização no ano de 1974 da “Feira da Bahia” no
Parque Anhembi, em São Paulo. A realização da feira era parte integrante do projeto Baixa Estação, promovido
nos principais centros emissores de turistas do país (Centro-Sul). O evento representou a reunião de diferentes
manifestações artístico-culturais como música popular, folclore, dança, teatro, artes plásticas, cinema, literatura.
Realizado em parceria com a Rede Globo, atraiu cerca de 120 mil pessoas e contou com a participação de
artistas baianos como Doryval Caymmi, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Afoxé Filhos de Gandhi
(BAHIA, 1974, p.9). Já na década de 1980, a “intensa e agressiva política promocional” (BAHIA, 1983, p.6) é
levada adiante, porém agora voltada mais intensamente para o mercado internacional, numa estratégia em que a
Bahia é vendida como “Land of Hapiness” (slogan que ainda hoje reverbera na elaboração da imagem da Bahia),
em diversos países da Europa e em outros países como os Estados Unidos, México e Canadá. Já para o mercado
nacional essa estratégia promocional foi também amplamente utilizada e, lançando mão de recursos de
propaganda em mídia impressa e eletrônica, “a Bahia chegou a aparecer em mais de 10 por cento dos 54 mil
anúncios publicados em jornais e revistas de todo o país entre 1985 e 1986” (BAHIA, 1998, p.41), além de ter
inovado em sua política de divulgação fazendo merchandising do Estado na novela Água Viva da Rede Globo e
apoiando a produção televisiva com locações na Bahia, como foi por exemplo o que aconteceu com o seriado O
Bem Amado, também da mesma emissora.
5 No que se refere às atividades de recuperação patrimonial, no período de 1971-1974, o Largo do Pelourinho
passou por uma reforma, tendo sido restaurados e re-integrados à atividade turística 81% dos seus prédios. A
cidade de Cachoeira também conheceu as primeiras iniciativas do processo de recuperação de seus monumentos
históricos. Foi realizado ainda o Inventário do Patrimônio Histórico e Arquitetônico da Bahia, uma base de
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