Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
167<br />
rentabilidade, etc.) contribui para a tônica marcadamente ‘conservacionista’<br />
da política <strong>cultural</strong> oficial (MICELI, 1984, p.100).<br />
Como se vê, é uma tese ainda bastante atual e que cabe como lente de análise para a<br />
averiguação <strong>do</strong> papel, sobretu<strong>do</strong>, defensivo que o Esta<strong>do</strong> vem assumin<strong>do</strong> desde há muito <strong>na</strong><br />
área <strong>cultural</strong>.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, uma outra tendência que se configurava desde àquela época é também<br />
apontada pelo autor e parece estar muito viva ainda hoje. Diz respeito à formulação de<br />
políticas voltadas para as indústrias culturais. As atuais iniciativas gover<strong>na</strong>mentais nesse<br />
setor, como <strong>na</strong>quele perío<strong>do</strong>, ainda têm se mostra<strong>do</strong> bastante apáticas, deixan<strong>do</strong> a cargo da<br />
iniciativa privada as melhores oportunidades de investimento e faturamento no campo da<br />
produção <strong>cultural</strong>. É o que nos esclarece mais uma vez Sérgio Miceli como que a corroborar a<br />
idéia aqui defendida sobre a postura um tanto quanto “defensiva” cultivada pelo Esta<strong>do</strong> no<br />
que se refere à sua atuação <strong>na</strong> esfera da cultura. Assim diz o autor, concluin<strong>do</strong> formulações<br />
sobre a performance <strong>do</strong> governo militar <strong>na</strong> gestão <strong>cultural</strong>:<br />
Cabe aos grandes empreende<strong>do</strong>res particulares explorar as oportunidades de<br />
investimento <strong>na</strong>quelas atividades e frentes de expansão capazes de<br />
assegurar as mais elevadas taxas de retorno sobre o capital, tais como os<br />
fascículos, a televisão, as estações de rádio FM, discos, as fita-cassete e o<br />
vídeo-cassete desti<strong>na</strong><strong>do</strong> aos modernos meios de reprodução eletrônica. Os<br />
responsáveis pela iniciativa pública <strong>na</strong> área cultura se incumbiriam, então,<br />
das tarefas defensivas de proteção e conservação <strong>do</strong> acervo histórico e<br />
artístico ‘<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l’ já indexa<strong>do</strong> como material ‘museológico’, bem como<br />
daqueles gêneros e eventos culturais que só conseguem se reproduzir às<br />
custas da proteção gover<strong>na</strong>mental, como, por exemplo, a ópera, o balé<br />
clássico, o teatro declama<strong>do</strong>, a música erudita, e assim por diante (MICELI,<br />
1984, p.100).<br />
Porém, diferentemente daquele perío<strong>do</strong>, o que hoje se revela emblemático é a presença<br />
cada vez mais intensa da iniciativa privada no setor <strong>cultural</strong>, não somente para a exploração<br />
de atividades vinculadas ao setor mais lucrativo das indústrias culturais, mas também através<br />
<strong>do</strong> seu sistemático apoio, em sua grande maioria subsidiada por incentivos fiscais<br />
gover<strong>na</strong>mentais, às atividades que tradicio<strong>na</strong>lmente o Esta<strong>do</strong> vinha apoian<strong>do</strong> quase que<br />
exclusivamente como, por exemplo, ações voltadas para a preservação patrimonial, fomento a<br />
linguagens artísticas identificadas com a cultura de elite. Enfim, as prioridades das políticas<br />
públicas <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong> praticamente não se modificam. O que sofre remanejamento é