15.04.2013 Views

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

estamos interliga<strong>do</strong>s em um ambiente de globalidade, em que o processo de mundialização da<br />

cultura parece não mais restringir espaços e lugares, mesmo que em condição periférica, tais<br />

reverberações chegam até nós adquirin<strong>do</strong> contornos diferencia<strong>do</strong>s e acabam por afetar de<br />

forma decisiva a complexa rede de agentes que conformam o campo <strong>cultural</strong> local, bem como<br />

o mo<strong>do</strong> de desenvolvimento da produção, dissemi<strong>na</strong>ção e consumo de bens simbólicos.<br />

Para realizar a tarefa de compreensão <strong>do</strong>s mecanismos institucio<strong>na</strong>is que<br />

(des)diferenciam as fronteiras <strong>do</strong> campo da produção <strong>cultural</strong>, focalizaremos antes o seu<br />

processo de autonomização buscan<strong>do</strong> entendê-lo como um componente indica<strong>do</strong>r da<br />

modernidade das sociedades contemporâneas, tese sugerida por autores como Jürgen<br />

Habermas e Pierre Bourdieu. Por outro la<strong>do</strong>, procuraremos refletir sobre os novos desafios<br />

impostos pela dinâmica <strong>do</strong> desenvolvimento da produção artístico-<strong>cultural</strong> da atualidade, em<br />

que a prerrogativa da autonomia <strong>do</strong> campo artístico-<strong>cultural</strong> parece questionável frente aos<br />

dispositivos organiza<strong>do</strong>res da sociedade de consumo que, regi<strong>do</strong>s por uma lógica<br />

pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente capitalista, acabam por subordi<strong>na</strong>r as práticas de produção e difusão <strong>do</strong>s<br />

bens simbólicos, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-as dependentes de outros aspectos que não somente os seus valores<br />

artísticos ou de gosto.<br />

Essa, segun<strong>do</strong> Canclini (2000), talvez seja uma das aporias mais patentes da<br />

modernidade, verificada particularmente <strong>na</strong> dinâmica <strong>do</strong> funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> campo artístico-<br />

<strong>cultural</strong>, a saber: tentar conciliar, em seu projeto, movimentos para<strong>do</strong>xais: promover a<br />

emancipação da vida social, através da secularização de campos culturais auto-regula<strong>do</strong>s bem<br />

como buscar, concomitantemente, a renovação e inovação incessante da sua produção<br />

simbólica – hoje orientada, para<strong>do</strong>xalmente, pelo mo<strong>do</strong> de regulação capitalista da produção<br />

material. Um aparente para<strong>do</strong>xo que faz o referi<strong>do</strong> autor indagar sobre a incompatibilidade de<br />

conciliar a tendência capitalista de expandir o merca<strong>do</strong> para um público consumi<strong>do</strong>r cada vez<br />

mais amplia<strong>do</strong> com a tendência de formação de públicos especializa<strong>do</strong>s em âmbitos restritos,<br />

ou ainda sobre a contradição da simultaneidade de fenômenos como a multiplicação de<br />

produtos orientada pela maximização <strong>do</strong> excedente <strong>do</strong> capital e a promoção de obras únicas<br />

<strong>na</strong>s estéticas moder<strong>na</strong>s (CANCLINI, 2000, p.36). Essa contradição, que ocorre no seio <strong>do</strong><br />

desenvolvimento socioeconômico das práticas artístico-culturais, é considerada por Canclini<br />

como um <strong>do</strong>s sintomas <strong>do</strong> insucesso <strong>do</strong> projeto da modernidade.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!