Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
à minuciosa tarefa de dissecar, ao tempo em que lhe atribuía categorias específicas, a<br />
dinâmica de funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> campo da produção <strong>cultural</strong> – seara imprescindível para nossa<br />
investigação.<br />
Desse mo<strong>do</strong>, favorece a compreensão <strong>do</strong>s agenciamentos e negociações – através da<br />
identificação <strong>do</strong>s principais agentes, processos e mo<strong>do</strong>s de produção – que conformam o<br />
campo <strong>cultural</strong>, Pierre Bourdieu despontou como o teórico mais apropria<strong>do</strong> nessa empreitada,<br />
devi<strong>do</strong> à extensa contribuição deixada por ele em relação à problemática referente à formação<br />
de uma esfera autônoma para a cultura.<br />
De mo<strong>do</strong> equivalente a Weber e Habermas, Pierre Bourdieu também considera o<br />
processo de autonomização <strong>do</strong> campo da produção <strong>cultural</strong> como indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo mais<br />
amplo de diferenciação <strong>cultural</strong> que caracterizou o desenvolvimento da modernidade. Para o<br />
autor, a emergência de encraves culturais específicos, por oposição a outros campos como o<br />
religioso ou o econômico, compostos por agentes independentes (intelectuais e artistas) que<br />
atuam de acor<strong>do</strong> com regras que lhe são imanentes, apontou para uma racio<strong>na</strong>lidade<br />
característica <strong>do</strong> desenvolvimento moderno: o senti<strong>do</strong> seculariza<strong>do</strong>r que subjaz à formação<br />
<strong>do</strong>s campos sociais autônomos.<br />
Bourdieu vai tratar da história da vida intelectual e artística da Europa dedican<strong>do</strong>-se ao<br />
entendimento das transformações ocorridas no engendramento <strong>do</strong> sistema de produção,<br />
circulação e consumo de bens simbólicos, buscan<strong>do</strong>, a partir daí, justificar as causas que<br />
levaram à autonomia <strong>do</strong> campo artístico. Apesar de o início <strong>do</strong> processo de autonomização<br />
remontar aos séculos XVI e XVII, perío<strong>do</strong> em que os artistas começavam a dar seus primeiros<br />
si<strong>na</strong>is de independência econômica e social em relação à Igreja e a aristocracia de corte, é<br />
com o fenômeno da Revolução Industrial (momento em que se presencia o <strong>na</strong>scimento da<br />
indústria <strong>cultural</strong>), que o referi<strong>do</strong> processo irá atingir o seu ápice.<br />
O surgimento de uma categoria específica de profissio<strong>na</strong>is (artistas e intelectuais),<br />
regida por regras e normas que lhe são próprias, a formação de um público consumi<strong>do</strong>r de<br />
bens simbólicos cada vez mais diversifica<strong>do</strong> e extenso, o desenvolvimento de um sistema<br />
próprio de produção desses bens e a multiplicação das instâncias de difusão e consagração<br />
(museus, galerias, salões, revistas, etc.) que legitimam o valor <strong>cultural</strong> <strong>do</strong>s bens simbólicos,<br />
constituíram-se em fatores que, segun<strong>do</strong> Bourdieu, apontam para o fenômeno que subjaz ao<br />
34