Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
suas práticas e experiências simbólicas, mas não a ponto de considerar tais metamorfoses<br />
como indica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> esfacelamento da sua autonomia. O autor reconhece o fenômeno da<br />
reconfiguração institucio<strong>na</strong>l pela qual está passan<strong>do</strong> o campo da produção <strong>cultural</strong><br />
contemporânea, quan<strong>do</strong>, por exemplo, considera as ingerências de agentes estatais ou de<br />
conglomera<strong>do</strong>s econômicos no teci<strong>do</strong> da organização da cultura como mais um si<strong>na</strong>l <strong>do</strong><br />
redirecio<strong>na</strong>mento “de padrão de gestão” que vem ocorren<strong>do</strong> no interior da própria dinâmica<br />
<strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>.<br />
Seguin<strong>do</strong> ainda seu raciocínio, tal tendência reflete uma mudança no equilíbrio da<br />
balança de poder em que “o plano de circulação de caráter vulgar” parece ganhar mais acento<br />
<strong>do</strong> que a produção restrita. Sob esta óptica Farias (2001) justifica o processo de<br />
desvanecimento das fronteiras de gosto e de valor no que se refere tanto à produção como ao<br />
consumo de bens simbólicos <strong>na</strong> contemporaneidade.<br />
Mike Featherstone (1995, 1996) é também um autor que irá considerar as<br />
transformações ocorridas <strong>na</strong>s interdependências entre os agentes e as mudanças de equilíbrio,<br />
<strong>na</strong> balança de poder daí decorrentes, como um sintoma para a nova conformação da esfera<br />
<strong>cultural</strong> <strong>na</strong> contemporaneidade. O autor faz questão de chamar atenção para as mediações,<br />
cada vez mais imbricadas, entre economia e cultura, buscan<strong>do</strong> focalizar “as atividades <strong>do</strong>s<br />
especialistas e intermediários da cultura e a expansão <strong>do</strong>s públicos de toda uma nova gama de<br />
bens culturais” (FEATHERSTONE,1996, p.107). Imputan<strong>do</strong> à cultura de consumo o papel de<br />
grande desestabiliza<strong>do</strong>ra das hierarquias simbólicas calcificadas <strong>na</strong> modernidade,<br />
Featherstone vai tentar compreender o modelo desenvolvimentista da pós-modernidade a<br />
partir <strong>do</strong>s remanejamentos institucio<strong>na</strong>is que se estabelecem com o advento da superprodução<br />
de bens culturais, propicia<strong>do</strong> pela gigantesca máqui<strong>na</strong> da industrialização da cultura.<br />
Na mesma linha conceitual, o autor sugere ainda que o processo de mudança que vem<br />
ocorren<strong>do</strong> <strong>na</strong> cultura contemporânea (o advento <strong>do</strong> pós-modernismo) seja investiga<strong>do</strong> “em<br />
termos de processos em curso no âmbito da dinâmica das relações intergrupais”, procuran<strong>do</strong><br />
reconhecer quem são os produtores e transmissores <strong>do</strong>s bens simbólicos, de que forma é<br />
intensifica<strong>do</strong> o intercâmbio entre esses agentes e como se dão suas práticas<br />
(FEATHERSTONE,1995, p.58-59). No argumento de sua tese, o autor infere que a autonomia<br />
da esfera da produção simbólica e seu crescente destaque no âmbito das sociedades<br />
46