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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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asileira, a partir de mea<strong>do</strong>s da década de 80, quan<strong>do</strong> o país retoma o caminho da<br />

redemocratização política, o Esta<strong>do</strong> brasileiro começa a experimentar um intenso processo de<br />

desregulamentação de suas principais atividades – um reflexo inevitável <strong>do</strong>s intermitentes<br />

fluxos globais de capital, produtos, serviços, informação e pessoas que também passam a<br />

afetar intensamente o país. No Brasil, similar ao que vem ocorren<strong>do</strong> em escala global, a<br />

tendência à privatização da cultura se acentua com a consolidação das indústrias culturais e de<br />

entretenimento e, muito especialmente, com o advento das leis de estímulo fiscal – um<br />

mecanismo cria<strong>do</strong> pelo governo, em mea<strong>do</strong>s da década de 80, com o propósito de estimular a<br />

participação da iniciativa privada no fomento às artes e à cultura. Como a especificidade <strong>do</strong>s<br />

processos de deslocamento de poder entre as agências estatais e o setor empresarial <strong>na</strong><br />

organização e gestão da cultura brasileira será tema de análise <strong>na</strong> próxima seção, pouparemos,<br />

por ora, a tarefa de aprofundar essa questão.<br />

Se parece ser irreversível a tendência da destituição <strong>do</strong> poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong>s mais<br />

diferentes esferas da vida social, a perspectiva que se abre para sua atuação no campo da<br />

cultura parece ser aquela apontada por Canclini, a saber: a de ser o Esta<strong>do</strong> um ator cada vez<br />

mais revesti<strong>do</strong> <strong>do</strong> papel de regula<strong>do</strong>r, de intermedia<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s conflitos entre os interesses<br />

priva<strong>do</strong>s e da sociedade civil. Logo, um ator ainda <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de importância fundamental <strong>na</strong><br />

di<strong>na</strong>mização <strong>do</strong> sistema da produção e dissemi<strong>na</strong>ção da cultura.<br />

Reivindican<strong>do</strong>, então, uma redefinição da intervenção <strong>do</strong> poder público <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong>,<br />

Canclini vai propor uma reformulação <strong>na</strong> tônica das políticas culturais implementadas pelos<br />

governos. O fulcro da sua proposição ancora-se <strong>na</strong> necessidade de reverter a tendência das<br />

privatizações e des<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização das principais instituições e programas de ação culturais,<br />

visan<strong>do</strong> atender sobretu<strong>do</strong> ao interesse público. Vejamos o teor dessa reivindicação, expressa<br />

em suas próprias palavras:<br />

No se trata de retor<strong>na</strong>r al Esta<strong>do</strong> propietario (de radiodifusoras y ca<strong>na</strong>les de<br />

televisión), sino de reconstruir su papel como regula<strong>do</strong>r de las empresas<br />

privadas, impulsor de las iniciativas societales más débiles o no lucrativas -<br />

grupos teatrales y musicales, bibliotecas y centros barriales, medios de<br />

comunicación independientes -, así como defensor y coordi<strong>na</strong><strong>do</strong>r de<br />

acciones públicamente valiosas. Para reencontrar el lugar del Esta<strong>do</strong> en la<br />

actual coyuntura es necesario repensar su concepción como agente del<br />

interés público, de lo colectivo multi<strong>cultural</strong>, y árbitro en los conflictos<br />

entre intereses priva<strong>do</strong>s, así como entre empresas de las <strong>na</strong>ciones<br />

hegemónicas y de las subdesarrolladas (CANCLINI, 1999, p.194).<br />

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