Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
construção ou mesmo integração da <strong>na</strong>ção, passam a não fazer mais senti<strong>do</strong> em meio a essa<br />
espiral de metamorfoses sociais que o mun<strong>do</strong> começa a presenciar. O Esta<strong>do</strong> passa a perder<br />
lentamente seu espaço de ator protagonista das mudanças estruturais <strong>do</strong> país sem, contu<strong>do</strong>,<br />
implicar <strong>na</strong> perda <strong>do</strong> seu monopólio da lei geral. Em meio a esse processo, a hegemonia da<br />
razão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> cede lugar às forças <strong>do</strong> capital priva<strong>do</strong> e à livre negociação das forças de<br />
merca<strong>do</strong>, o que fez deflagrar a emergência social <strong>do</strong> ator empresarial e de suas referências,<br />
adensan<strong>do</strong> assim sua atuação sobre as mais diversas instâncias da vida social<br />
(MATELLART,1999).<br />
Ora, essa lógica extrapola as fronteiras para além <strong>do</strong> campo meramente econômico e se<br />
espalha também no âmbito específico da gestão e organização da esfera <strong>cultural</strong> o que<br />
contribui para o gradativo processo de reestruturação de hierarquias no seu interior. Desse<br />
mo<strong>do</strong>, o campo <strong>cultural</strong> sofre remanejamentos <strong>na</strong>s suas linhas de coman<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> a<br />
deflagrar um desequilíbrio <strong>na</strong> balança de poder entre os agentes (o Esta<strong>do</strong>, conglomera<strong>do</strong>s<br />
econômicos e os produtores culturais), conforman<strong>do</strong>-se aí a tendência da crescente<br />
concentração de poder <strong>na</strong>s mãos <strong>do</strong> capital priva<strong>do</strong>, em detrimento <strong>do</strong> esmorecimento <strong>do</strong><br />
papel <strong>do</strong> poder público como agente di<strong>na</strong>miza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> setor <strong>cultural</strong>.<br />
Durante a Nova República o campo <strong>cultural</strong>, diferentemente <strong>do</strong>s governos autoritários<br />
de Getúlio Vargas e <strong>do</strong>s militares, não é considera<strong>do</strong> área prioritária. Afi<strong>na</strong>l, a cultura não<br />
mais se configurava como um terreno propício para a construção de ambiciosos projetos<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. No que se refere ao objeto mais específico das políticas púbicas para a cultura,<br />
durante esse perío<strong>do</strong>, o acontecimento mais importante foi, sem dúvida, a criação <strong>do</strong><br />
Ministério da Cultura, em 1985 – idéia germi<strong>na</strong>da no bojo <strong>do</strong>s Fóruns Nacio<strong>na</strong>is de<br />
Secretários da Cultura 6 .<br />
Apesar de pela primeira vez <strong>na</strong> história <strong>do</strong> Brasil ter si<strong>do</strong> criada uma pasta específica<br />
para a área, esse fato não facultou um avanço <strong>na</strong> implantação de políticas culturais mais<br />
abrangentes e significativas para o circuito da produção <strong>cultural</strong> brasileira. Cabe enfatizar que<br />
6 A motivação que originou a organização de um Fórum Nacio<strong>na</strong>l de secretários da Cultura calcava-se <strong>na</strong><br />
necessidade de se instituir um organismo que tivesse por fi<strong>na</strong>lidade formular diretrizes de uma política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
de cultura e mobilizar recursos para um programa integra<strong>do</strong> de trabalho entre os diversos esta<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> como<br />
fim último a criação <strong>do</strong> Ministério da Cultura. O primeiro Fórum foi realiza<strong>do</strong> em 1983, <strong>na</strong> cidade de Curitiba,<br />
ten<strong>do</strong> sua atuação perdura<strong>do</strong> até o ano de 1989. O percurso deste órgão pode ser dividi<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Poerner<br />
(1997, p.53) em duas etapas: antes e depois da criação <strong>do</strong> Ministério da Cultura(MinC). Conforme explicita o<br />
autor: “<strong>na</strong> primeira, o Fórum lutou, sobretu<strong>do</strong> pelo MinC; <strong>na</strong> segunda, se tornou seu parceiro crítico”.<br />
85