Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
entre os números <strong>do</strong> <strong>Fazcultura</strong> e a pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro, reside,<br />
mais enfaticamente, no patrocínio <strong>na</strong> área de Cinema e Vídeo. Enquanto no plano <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
essa é uma das linguagens mais incentivadas – o que deve ser motiva<strong>do</strong> pelos generosos<br />
benefícios da Lei <strong>do</strong> Audiovisual –, <strong>na</strong> <strong>Bahia</strong> essa é a área que apresenta um menor número<br />
de projetos patroci<strong>na</strong><strong>do</strong>s através <strong>do</strong> <strong>Fazcultura</strong>. O que é <strong>na</strong>tural, ten<strong>do</strong> em vista que a<br />
produção cinematográfica baia<strong>na</strong> tem se mostra<strong>do</strong> tímida nos últimos anos – não por falta de<br />
talentos, mas sobretu<strong>do</strong> pela falta de recursos por ser esta uma linguagem complexa em sua<br />
realização e que envolve, em geral, um alto custo.<br />
Uma outra diferença é percebida <strong>na</strong> área classificada pelo <strong>Fazcultura</strong> como “Tradições<br />
populares”. Na pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro a área que mais se aproxima<br />
da <strong>na</strong>tureza <strong>do</strong> segmento classifica<strong>do</strong> pela lei baia<strong>na</strong> como “Tradições populares” é<br />
denomi<strong>na</strong>da de “Folclore/Artesa<strong>na</strong>to”, ocupan<strong>do</strong> o oitavo lugar no ranking, em número de<br />
projetos, das áreas mais patroci<strong>na</strong>das pela iniciativa privada, benefician<strong>do</strong>-se ape<strong>na</strong>s com<br />
5,46% <strong>do</strong> total de projetos incentiva<strong>do</strong>s. Na <strong>Bahia</strong>, por sua vez, “Tradições populares” é a<br />
área que obteve a maior quantidade de projetos contempla<strong>do</strong>s, em virtude principalmente da<br />
abertura que havia no programa, nos anos iniciais de seu funcio<strong>na</strong>mento, que permitia o<br />
incentivo a projetos liga<strong>do</strong>s à realização de atividades relacio<strong>na</strong>das ao car<strong>na</strong>val (como apoio a<br />
blocos de trio bem como a atividades voltadas para a organização da infraestrutura da festa).<br />
A expressividade de projetos patroci<strong>na</strong><strong>do</strong>s nessa área denota a especificidade da cultura<br />
baia<strong>na</strong>, mais fortemente ancorada em manifestações artístico-culturais identificadas às<br />
tradições e festas populares como o car<strong>na</strong>val, as festas juni<strong>na</strong>s e os tradicio<strong>na</strong>is folgue<strong>do</strong>s.<br />
Uma tendência imediatamente correlacio<strong>na</strong>da à consolidação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de bens simbólicos<br />
que a <strong>Bahia</strong> vem experimentan<strong>do</strong> desde a década de 90, merca<strong>do</strong> esse impulsio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />
sobretu<strong>do</strong> pela eclosão de movimentos culturais, como é o exemplo <strong>do</strong> advento de fenômenos<br />
como a axé music e o pagode, bem como a industrialização da sua maior festa popular, o<br />
car<strong>na</strong>val. Some-se ainda a esse contexto a institucio<strong>na</strong>lização de políticas culturais<br />
implementadas pelo Esta<strong>do</strong> que, como já assi<strong>na</strong>la<strong>do</strong> nesse trabalho, vem incentivan<strong>do</strong>,<br />
prioritariamente, o desenvolvimento de ações voltadas à produção <strong>cultural</strong> identificada com as<br />
matrizes e tradições da cultura afro-descendente, produção essa que é apropriada pela política<br />
oficial de cultura como elemento de distinção simbólica, em meio à acirrada concorrência<br />
entre os varia<strong>do</strong>s destinos turísticos <strong>do</strong> país.<br />
198