Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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e passam a ser utilizadas como verdadeiro cimento que amalgama as diferenças e diversidades<br />
que esgarçavam a integridade de um Esta<strong>do</strong> que se pretendia forte e coeso. A reforma no<br />
sistema educativo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, imputan<strong>do</strong> normas como a proibição <strong>do</strong> ensino de língua<br />
estrangeira e a implantação da discipli<strong>na</strong> de Moral e Civismo são exemplos que demonstram o<br />
empenho <strong>do</strong> governo em dissemi<strong>na</strong>r o sentimento <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista pelo país.<br />
Para viabilizar seu ambicioso projeto político, o governo comanda um intenso processo<br />
de institucio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> aparelho que viria suportar os planos e programas volta<strong>do</strong>s aos<br />
temas da educação e da cultura. Vão sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s espaços para atuação <strong>do</strong>s mais<br />
diversos produtores culturais, legitima<strong>do</strong>s agora pelo poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, abrin<strong>do</strong> assim o ca<strong>na</strong>l<br />
de entrada para a marcante atuação que os intelectuais viriam assumir no governo getulista.<br />
A cooptação de intelectuais e artistas pelo aparelho estatal tornou-se uma das práticas<br />
mais correntes daquela gestão. Como a moeda política da época era o <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lismo, os<br />
intelectuais, envolvi<strong>do</strong>s com o movimento modernista, encontraram <strong>na</strong> legalidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> o<br />
meio ideal para por em prática o exercício <strong>do</strong>s seus ideais <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>listas. Simetricamente, o<br />
regime autoritário de Getúlio Vargas amparava-se no poder simbólico desses artífices da nova<br />
imagem para o Brasil como forma de garantir-lhe legitimidade e fortalecimento político –<br />
elementos necessários para o ambicioso empreendimento que pretendia realizar. Impreg<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />
pela temática da brasilidade, os intelectuais de corrente modernista assumiram então o status<br />
de ideólogos <strong>do</strong> regime. Acomoda<strong>do</strong>s <strong>na</strong> legitimidade institucio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, passaram a ser<br />
os porta-vozes por excelência da teorização da questão da identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e, por tabela, da<br />
redefinição mesma da categoria <strong>do</strong> popular, “à medida que a ideologia <strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l vai dela<br />
depender para a obtenção de uma imagem homogênea <strong>do</strong> país enquanto Esta<strong>do</strong>-Nação”<br />
(FARIAS, 2001, p.175).<br />
O Ministério da Educação e Saúde surge, então, como o espaço legítimo de<br />
convergência <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong> governo e <strong>do</strong>s intelectuais. Ainda que seu primeiro ministro<br />
tenha si<strong>do</strong> Francisco Campos, é <strong>na</strong> lendária gestão <strong>do</strong> ministro Gustavo Capanema (1934-<br />
1945) que o Ministério ganhará maior expressividade. Cria-se uma forte infra-estrutura<br />
administrativa, abrin<strong>do</strong>-se espaço para uma profícua atuação <strong>do</strong>s intelectuais <strong>na</strong> gestão da<br />
cultura brasileira, i<strong>na</strong>uguran<strong>do</strong> aí um perío<strong>do</strong> paradigmático da relação entre Esta<strong>do</strong> e cultura<br />
no Brasil, já que é neste momento que a questão <strong>cultural</strong> passa a ser objeto mesmo <strong>do</strong>s<br />
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