Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Na esfera da cultura, esse é o perfil de atuação que o governo estadual baiano vem avocan<strong>do</strong><br />
para si quan<strong>do</strong> declara em seus programas de ação a intenção de constituir-se em agente<br />
“facilita<strong>do</strong>r” e “indutor” <strong>do</strong>s processos de produção <strong>cultural</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, a<br />
responsabilidade que ele se incumbe está circunscrita ao seu papel de intermedia<strong>do</strong>r, enquanto<br />
ator que promove condições necessárias (principalmente relativas à infra-estrutura) para que o<br />
setor <strong>cultural</strong> se torne uma atividade produtiva auto-sustentável, não exclusivamente<br />
dependente <strong>do</strong> mece<strong>na</strong>to da máqui<strong>na</strong> pública. Esse fato se constitui num sintoma notório <strong>do</strong><br />
processo de redefinição das funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong> medida em que demonstra o<br />
compartilhamento de atividades com os demais agentes que conformam o circuito da<br />
produção <strong>cultural</strong>, em especial os conglomera<strong>do</strong>s econômicos de capital priva<strong>do</strong>.<br />
Garantir a auto-sustentabilidade <strong>do</strong> setor <strong>cultural</strong> e o desenvolvimento da sociedade através da<br />
cultura, como vimos, foram os pilares que sustentaram a proposta de ação da Secretaria da<br />
Cultura e Turismo. Não por a<strong>caso</strong>, uma premissa pautada <strong>na</strong> notoriedade que o merca<strong>do</strong><br />
<strong>cultural</strong> adquire hoje no mun<strong>do</strong> contemporâneo, e que por sua vez está ancora<strong>do</strong> <strong>na</strong> magnitude<br />
econômica que o circuito da produção, dissemi<strong>na</strong>ção e consumo de bens simbólicos é capaz<br />
de gerar. Recapitulemos o fato de que as cifras vultuosas que movimentam o setor <strong>cultural</strong><br />
(engre<strong>na</strong><strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, pelas indústrias culturais) e a sua potencial capacidade de geração de<br />
empregos terem se tor<strong>na</strong><strong>do</strong> fonte de sedução e de convencimento por parte <strong>do</strong>s governos para<br />
justificar seus investimento em atividades que durante muito tempo carregaram a pecha de<br />
“frívolas” ou “supérfluas”, frente às demandas sociais mais prementes como saúde, educação,<br />
habitação e previdência. Some-se ainda a esse cenário, o fato de a questão <strong>cultural</strong>, desde<br />
mea<strong>do</strong>s da década de 80, ter-se tor<strong>na</strong><strong>do</strong> agenda prioritária <strong>do</strong>s programas de entidades<br />
multilaterais de desenvolvimento, a exemplo da Unesco, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se tema de debate de<br />
inúmeros fóruns, encontros e reuniões inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. Essa nova configuração ensejou uma<br />
releitura <strong>do</strong> papel das políticas culturais para as sociedades, propician<strong>do</strong> rebatimentos diretos<br />
no mo<strong>do</strong> de concepção e elaboração <strong>do</strong>s programas e ações <strong>do</strong>s diferentes governos em<br />
escala mundial.<br />
A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>cumentos programáticos da Secretaria da Cultura e Turismo foi possível<br />
perceber que as premissas conceituais, que orientam o conceito de cultura postula<strong>do</strong> pelas<br />
agências trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is para o desenvolvimento, serviram de inspiração e deram estofo à<br />
222