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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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Heitor Villa-Lobos <strong>na</strong> difusão e ensino da música <strong>na</strong>s escolas. Era uma atividade que<br />

desenvolvia a educação musical e artística através <strong>do</strong> canto coral popular, enfatizan<strong>do</strong>-se,<br />

sobretu<strong>do</strong>, o ensino de hinos patrióticos de forte teor ufanista (SCHWARTZMAN e outros,<br />

2000).<br />

Sob esta a lógica, a perspectiva <strong>cultural</strong> <strong>do</strong> governo de Getulio Vargas enfatizou a<br />

manipulação <strong>do</strong>s símbolos populares, reelaboran<strong>do</strong>-os em uma poderosa fórmula que<br />

pretendia <strong>do</strong>tar o país de uma identidade própria. E assim o fez, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> cultura a argamassa<br />

necessária para o soerguimento e construção de um projeto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para o Brasil. Nesse<br />

ritmo, “diversas manifestações culturais, que se manifestaram <strong>na</strong>s classes <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>das, e que<br />

são inclusive às vezes reprimidas logo no início, passam a ser apropriadas pelas classes<br />

<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes e, através de um processo de manipulação de seu significa<strong>do</strong>, são transforma<strong>do</strong>s<br />

em símbolos <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is”(OLIVEN,1984, p.47). Ícones de apelo mais popular como o car<strong>na</strong>val,<br />

futebol, mulatas, malandros e a tropicalidade brasileira são amalgama<strong>do</strong>s numa possível<br />

síntese de uma identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Assim, o que era popular tornou-se <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e foi<br />

amplamente difundi<strong>do</strong> em rituais festivos ou eventos específicos como o car<strong>na</strong>val e o futebol.<br />

Como nos chama a atenção Edson Farias (2001, p.179), este fenômeno de apropriação e<br />

reelaboração de símbolos da cultura popular vai estar em sintonia com o incipiente processo<br />

de expansão da industrialização da cultura e também com o momento em que se forjava um<br />

mapeamento territorial de zo<strong>na</strong>s identificadas ao entretenimento e ao lazer no país. É neste<br />

instante, também, que o governo começa a desenvolver políticas públicas para o setor<br />

turístico, arquitetan<strong>do</strong> em sua estratégia discursiva a construção da imagem de um Brasil-<br />

cadinho, ou seja enquanto locus da miscige<strong>na</strong>ção de etnias, privilegia<strong>do</strong> por uma <strong>na</strong>tureza<br />

exuberante - logo, um país com vocação para as atividades vinculadas ao turismo e ao<br />

entretenimento.<br />

Cristaliza-se nesse momento duas tendências complementares e recorrentes no mo<strong>do</strong> de<br />

o Esta<strong>do</strong> intervir <strong>na</strong> cultura ao longo da história <strong>do</strong> país: “ele interfere proibin<strong>do</strong> e censuran<strong>do</strong><br />

aquilo que é visto como prejudicial à imagem ‘séria’ <strong>do</strong> Brasil, mas, em contrapartida, atua<br />

promoven<strong>do</strong> a imagem sui generis de nossa cultura” (OLIVEN, 1984, p.50).<br />

To<strong>do</strong> esse esforço de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização é viabiliza<strong>do</strong> primordialmente por ações voltadas<br />

para a educação e a cultura, áreas que assumem lugar de destaque no projeto político getulista<br />

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