Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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demais empresas distribuem irregularmente seus recursos entre as várias áreas, no entanto é possível constatar a predominância de gêneros como música e artes cênicas. Tabela 4 – Dez maiores proponentes beneficiados (período 2001-2002) Classificação Proponente Valor (R$) 1º Santa Casa de Misericórdia 1.992.547,00 2º Mosteiro de São Bento 1.337.978,00 3º Caderno 2 - Produções Artísticas 1.268.415,00 4º Res Inexplicatas Volans 1.000.758,00 5º Álvaro Conde Lemos Filho 1.000.000,00 6º 7º 8º 9º 10º Master Mind Consultoria e Eventos Truque Produtora de Cinema Tv e Vídeo Ltda. Associação Picolino de Artes do Circo Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê D.M. Marketing Cultural e Comunicação Ltda 987.663,00 918.553,00 663.734,00 603.254,00 553.314,00 Observando a tabela 4, percebe-se que há uma concentração da verba nas mãos de determinados proponentes. Isso diz respeito, sobretudo, à natureza dos projetos por eles empreendidos. Apesar de não serem contemplados com um grande número de projetos, instituições como a Santa Casa da Misericórdia e o Mosteiro de São Bento angariaram parte considerável dos recursos por se tratar de desenvolvimento de projetos relativos à recuperação de patrimônio cultural, atividades que demandam um alto investimento. Analisando a relação dos projetos patrocinados em 2002, verificamos que o montante captado por Álvaro Conde Lemos Filho (proponente pessoa física), refere-se a uma única proposta, vinculada também ao projeto de recuperação do patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Bahia (Portal da Misericórdia), dado que esclarece o alto volume de recursos envolvidos para sua realização. Mesmo tendo apenas dois projetos patrocinados no período, referentes à realização de dois longas-metragens, a Truque Produtora de Cinema, Tv e Vídeo, acabou aportando um volume significativo de verbas, por conta dos altos custos implicados para a realização de 203
uma obra cinematográfica. A Caderno 2 Produções Artísticas e a Master Mind Consultoria e Eventos concentram suas produções na área de Música, área que apresenta um grande número de projetos financiados pelo Fazcultura. A Res Inexplicata Volans, organização não- governamental que administra o Teatro XVIII, ocupa o 4º lugar da lista. Os projetos que ela realizou com recursos incentivados, se referem basicamente à manutenção física e patrimonial do próprio teatro e das suas atividades artísticas – produção de espetáculos e eventos que compuseram sua programação anual. A Associação Picolino de Artes do Circo, escola de artes circenses, contou também com um aporte de verba expressivo. Como desenvolve um trabalho de inclusão social através da preparação de crianças carentes nas artes do circo e de difusão dessa linguagem em escolas públicas estaduais e municipais, talvez resida aí o segredo do seu bom desempenho na consecução de patrocínios numa época em que conceitos como responsabilidade social e cidadania empresarial passam a ser incluídos cada vez mais nas práticas das organizações. O bloco carnavalesco Ilê Aiyê, por sua vez, é a entidade do gênero que obteve maior êxito na tarefa de captação de verbas. Os projetos que contam com os benefícios do Fazcultura referem-se à realização do desfile do bloco durante o carnaval ou a eventos ligados à festa momesca, como é o caso, por exemplo, da “Noite da Beleza Negra”, evento que promove, anualmente, o concurso da rainha do bloco. Já os projetos promovidos pela D.M. Marketing estão concentrados nas áreas de Artes plásticas, gráficas e fotografia e Literatura. Há que se considerar que o volume de recursos captados por essa empresa é significativo, levando-se em conta a pouca representatividade desse setor no desempenho global do Fazcultura. Dos R$ 28.572.918,00 captados entre 2001 e 2002, R$10.249.040,00, ou 39% dos recursos, ficaram concentrados nas mãos dos dez beneficiários identificados acima. Esse é um volume de recursos representativo, tendo em vista o fato de que no período analisado 130 proponentes foram beneficiados pela lei estadual de incentivo à cultura. Ou seja, os R$ 18.323.878,00 restantes foram distribuídos entre os 120 proponentes que não figuraram na lista dos dez mais contemplados pelo programa. Essa configuração acaba por revelar um alto índice de concentração de recursos por determinadas entidades, situação favorecida pelas relações que se estabelecem entre os principais proponentes e as empresas patrocinadoras. Os laços entre esses agentes podem ser melhor vislumbrados ao determo-nos nos dados contidos na tabela 5. Não é por coincidência que as instituições que abocanharam o maior volume de 204
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