Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
concepção – ao menos no plano <strong>do</strong> discurso – das políticas púbicas propostas pelo governo<br />
estadual baiano. Por outro la<strong>do</strong>, após análise <strong>do</strong>s principais projetos e programas<br />
implementa<strong>do</strong>s pela secretaria, concluímos que aquela dimensão da cultura, de clara<br />
inspiração antropológica (compreendida como interação social e simbólica, portanto,<br />
dimensão que reflete os mo<strong>do</strong>s de pensar e sentir <strong>do</strong>s indivíduos, o seu sistema de valores e a<br />
forma como são manejadas as identidades e diferenças), exortada nos princípios da Unesco,<br />
apresentou-se como um desafio, difícil de se concretizar em ações pragmáticas justamente<br />
pelo fato de estar assentada numa dimensão conceitual bastante ampla. Uma equação de<br />
difícil resolução não ape<strong>na</strong>s para o governo baiano, mas sim para grande parte das estruturas<br />
político-administrativas, responsáveis pela gestão e fomento da atividade <strong>cultural</strong> em um país<br />
como o Brasil, conforma<strong>do</strong> por uma complexa e intricada tessitura sociopolítica, cravejada de<br />
desigualdades – sejam elas regio<strong>na</strong>is, sociais ou econômicas.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, o que foi possível depreender após a análise das práticas e <strong>do</strong>s discursos<br />
encampa<strong>do</strong>s pela Secretaria da Cultura e Turismo é que as ações culturais engendradas pelo<br />
governo baiano estiveram circunscritas preponderantemente àquela dimensão sociológica da<br />
cultura, pautan<strong>do</strong>-se aqui nos conceitos operativos <strong>do</strong> sociólogo chileno José Joaquim<br />
Brunner, toma<strong>do</strong>s de empréstimo por Botelho (2004). Ou seja, como <strong>na</strong> maioria das políticas<br />
públicas empreendidas pelos governos, <strong>na</strong> <strong>Bahia</strong>, o aparato gover<strong>na</strong>mental centrou o<br />
desenvolvimento de suas políticas em um âmbito especializa<strong>do</strong>, abrangen<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> a rede<br />
institucio<strong>na</strong>lizada <strong>do</strong> circuito da produção <strong>cultural</strong> local (especialistas e instituições).<br />
Atentamos ainda para o fato de que o perfil das principais políticas culturais implementadas<br />
pela Secretaria da Cultura e Turismo conserva um certo teor “tradicio<strong>na</strong>l” afi<strong>na</strong><strong>do</strong> ao perfil da<br />
ingerência estatal no setor <strong>cultural</strong>. Isso foi verifica<strong>do</strong> ao longo da história das políticas<br />
culturais no país, qual seja: um desempenho que concentra ações em áreas “clássicas”, por<br />
assim dizer, como a conservação e preservação de patrimônio histórico ou ainda no fomento a<br />
atividades que vêm perden<strong>do</strong> público ou que não têm capacidade suficiente de<br />
autofi<strong>na</strong>nciamento, amparadas <strong>na</strong> lógica e regras <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. O tom diferencia<strong>do</strong> da<br />
intervenção <strong>do</strong> governo estadual baiano, contu<strong>do</strong>, reside <strong>na</strong> forma como as áreas da cultura e<br />
<strong>do</strong> turismo são amalgamadas nesse processo, fazen<strong>do</strong> emergir daí um mo<strong>do</strong> peculiar de<br />
intervenção gover<strong>na</strong>mental <strong>na</strong> área <strong>cultural</strong>, qual seja: ainda que implemente ações de caráter<br />
223