Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

patrocinam cultura. Se antes o apoio às atividades artísticas era liderado basicamente por
organizações de maior porte – destaque-se aqui a importante atuação da Copene 7 nesse
contexto –, após o advento da lei estadual de incentivo à cultura, novas empresas, de
diferentes segmentos da economia, passaram a financiar atividades artístico-culturais,
contribuindo para o desenvolvimento do campo cultural baiano. Se no primeiro ano de
funcionamento do Fazcultura apenas 28 empresas participam, em 2000, por exemplo, o
número chega a 60, representando um crescimento de 112% (Correio da Bahia, 2001).
Abriu-se, assim, um mercado mais ampliado para a atuação de artistas e profissionais,
evitando o êxodo de talentos para outros estados do país, especialmente paro o eixo Rio-São
Paulo, como já ocorreu em outros momentos da história da vida cultural baiana. Conseqüência
natural desse novo processo é a maior profissionalização de artistas e produtores, seja através
do aperfeiçoamento na tarefa de elaborar projetos culturais, seja pelo espírito empreendedor
gerado pela necessidade de negociar diretamente com o possível mecenas a viabilidade de
realizar o projeto proposto, na maioria das vezes, um sonho perseguido há longas datas
(FRANCESCHI,1998).
É claro que em meio a esse processo surge a figura do intermediário, do negociador dos
projetos culturais junto às empresas. Uma figura que divide opiniões entre artistas e
profissionais do meio cultural. Para uns, o intermediário torna-se um personagem indesejável,
como se pode constatar, por exemplo, através de depoimentos ilustrativos como os de Paulo
Herkenhoff, curador da 24 a Bienal de São Paulo e membro da equipe de curadores do Museu
de Arte Moderna de Nova York e do cineasta Hector Babenco, publicados na revista Bravo!
em outubro de 2000. Vejamos:
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A perda de independência frente ao patrocinador é apenas uma dimensão do
problema, seguramente das mais lamentáveis. O pior é quando o patrocínio
significa transferência de fundos públicos, via renúncia fiscal, para a bolsa
do empresário da cultura (HERKENHOFF, 2000).
7 A Copene, hoje Braskem, é uma das poucas empresas na Bahia que tem uma relação consolidada com a
cultura. Vem apoiando eventos e atividades artístico-culturais há 16 anos, portanto uma iniciativa bem anterior
ao advento das leis de incentivo. Iniciou a atuação na área do patrocínio cultural com o Troféu Caymmi, voltado
para a premiação dos melhores da música baiana, evento que lançou nomes como Daniela Mercury e Ivete
Sangalo no cenário artístico local. De lá pra cá vem promovendo uma diversidade de ações, sobretudo
premiações, voltadas ao fomento de produções baianas nas áreas de teatro, literatura, música e artes plásticas,
destacando-se assim como uma das empresas que mais sistematicamente vem implementando ações com o
objetivo de promover a cultura local. E como vimos é uma das principais organizações que lançaram mão da lei
baiana de incentivo à cultura nos últimos anos de seu funcionamento (Ver tabela 3).