Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
traz à baila uma diatribe aparentemente apagada em meio às justificações sociológicas para o<br />
papel da arte <strong>na</strong> sociedade, qual seja: o problema da extinção <strong>do</strong>s valores estéticos que<br />
produzem a densidade semântica e formal da obra, bem como os mitos de liberdade absoluta<br />
da criação. Neste senti<strong>do</strong>, diz ainda: “a perspectiva sociológica dissolve a boa consciência<br />
auto-justifica<strong>do</strong>ra mas também corrói a densidade das razões da arte”, fazen<strong>do</strong> com que,<br />
conclui, o debate estético se perca para sempre (SARLO, 2000, p.144-145).<br />
Essa (im)postura da autora indica, em última instância, sua preocupação sobre o futuro<br />
<strong>do</strong> exercício artístico <strong>na</strong>s sociedades contemporâneas – prática agora pautada pela lógica<br />
otimista das liberdades de merca<strong>do</strong>, em que a autoridade estética passa a ser substituída por<br />
um conjunto atomiza<strong>do</strong> de consumi<strong>do</strong>res. Nessa direção, ela problematiza a questão sobre o<br />
devir daquela arte não propriamente dedicada ao rejúbilo consumista das massas, ou daquela<br />
produção simbólica que possui poucos atrativos para o merca<strong>do</strong>, despreocupada, portanto,<br />
com a perspectiva de gerar retorno fi<strong>na</strong>nceiro rápi<strong>do</strong> e fácil para quem nela investir. Ainda<br />
que brevemente sugeri<strong>do</strong>, pois a autora opta por não aprofundar a questão <strong>na</strong> referida obra,<br />
Sarlo (2000) aponta as políticas culturais como uma solução para a problemática imposta, já<br />
que as mesmas se constituem, segun<strong>do</strong> seu conceito, “em estratégias desenvolvidas por<br />
Esta<strong>do</strong>s que não entregam to<strong>do</strong> o destino da cultura à dinâmica mercantil” (SARLO, 2000,<br />
p.151).<br />
2.3 O ESTADO E AS POLÍTICAS CULTURAIS<br />
A deixa sugerida por Beatriz Sarlo no que se refere ao papel das políticas culturais <strong>na</strong><br />
contemporaneidade amarra esta reflexão aos objetivos a serem segui<strong>do</strong>s pela presente<br />
pesquisa. Já que se trata de uma pesquisa cujo tema principal é a compreensão <strong>do</strong><br />
desenvolvimento de políticas públicas para a cultura, procuran<strong>do</strong> entender o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
em meio à conjunção <strong>do</strong>s diversos agentes responsáveis pela di<strong>na</strong>mização <strong>do</strong> processo de<br />
produção simbólica, to<strong>do</strong> esforço elabora<strong>do</strong> aqui teve como meta preparar o terreno para os<br />
novos questio<strong>na</strong>mentos que se impõem a partir de agora.<br />
Diante desse cenário de flui<strong>do</strong>s contornos, cabe, então, perguntar sobre o papel <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> e das políticas culturais <strong>na</strong> recente conjunção de agentes múltiplos que promovem e<br />
54