Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
civilizatória da pós-modernidade a outra chance, por assim dizer, de quebrar a longevidade <strong>do</strong><br />
paradigma <strong>do</strong> ‘Grande Divisor’.<br />
Para esse autor, o si<strong>na</strong>l da revogação <strong>do</strong>s valores incuti<strong>do</strong>s pela dicotomia alto/baixo é<br />
anuncia<strong>do</strong> “pelos recentes desenvolvimentos das artes, <strong>do</strong> cinema, da literatura, da arquitetura<br />
e da crítica” (HUYSSEN, 1997, p.9). Neste senti<strong>do</strong>, Huyssen vai sugerir que a condição pós-<br />
moder<strong>na</strong> seja compreendida justamente pelas diferentes relações que o modernismo e o pós-<br />
modernismo vão manter com a cultura de massa. Logo, vai considerar o pós-modernismo<br />
como um novo paradigma, em que lhe é outorga<strong>do</strong> a oportunidade de melhor a<strong>na</strong>lisar os<br />
fenômenos culturais contemporâneos, já que no interior de suas práticas a categoria <strong>do</strong><br />
‘Grande Divisor’ sofre uma nova configuração <strong>na</strong> medida em que deixa de ser um imperativo<br />
categórico que define as práticas de produção, difusão e consumo de artefatos culturais.<br />
Mais <strong>do</strong> que um esgarçamento da legitimidade da esfera <strong>cultural</strong> o que se presencia <strong>na</strong><br />
experiência pós-moder<strong>na</strong> é um redimensio<strong>na</strong>mento das esferas mesmas da modernidade. Esta<br />
é uma tese sugerida por Edson Farias (2001, p.62) quan<strong>do</strong> se propõe a compreender o<br />
reoder<strong>na</strong>mento sociológico oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno da (des)diferenciação das várias “esferas<br />
notabiliza<strong>do</strong>ras da modernidade”. Apoia<strong>do</strong> no conceito de esfera desenvolvi<strong>do</strong> por Max<br />
Weber, o autor vai atentar para o viés menos explora<strong>do</strong> pelos comenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sociólogo<br />
alemão quan<strong>do</strong> se dedicam à compreensão da tese weberia<strong>na</strong> sobre a singularidade da<br />
racio<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ocidental moderno através <strong>do</strong> processo de<br />
autonomização/diferenciação <strong>do</strong>s campos da moral, <strong>do</strong> conhecimento e da arte.<br />
Farias vai chamar atenção justamente ao aspecto das racio<strong>na</strong>lidades específicas que<br />
marcam o compasso de cada um desses âmbitos sociais autônomos, vicissitude essa que acaba<br />
por impedir “a conformação de uma razão substancial e totaliza<strong>do</strong>ra das heterogeneidades<br />
sociais” (FARIAS, 2001, p.57). Em outras palavras, o que o autor quer ressaltar são os<br />
“mo<strong>do</strong>s varia<strong>do</strong>s de orientação e legitimação da ação <strong>do</strong>s agentes”, ou seja, é a singularidade<br />
das práticas que são próprias à dinâmica de funcio<strong>na</strong>mento das diferentes esferas – fato<br />
aparentemente omisso por alguns teóricos que tomam parti<strong>do</strong> da tese da desestabilização<br />
hierárquica da esfera <strong>cultural</strong> sem considerar a referida peculiaridade.<br />
Farias (2001), no entanto, reconhece que, diante da conjunção de novos arranjos sociais<br />
em escala planetária, o âmbito da produção <strong>cultural</strong> ampliou suas fronteiras, transforman<strong>do</strong><br />
45