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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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da idéia de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l-popular, problematizada por Chauí (1986) e Ortiz (2001, 2003) –, similar<br />

à que reinou tão enfaticamente em tempos autoritários de regimes ditatoriais no Brasil,<br />

quan<strong>do</strong> se buscava a construção de um projeto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para o país. Assim, slogans como<br />

“<strong>Bahia</strong> – terra da felicidade” e “Orgulho de ser baiano” utiliza<strong>do</strong>s amplamente pela<br />

propaganda gover<strong>na</strong>mental <strong>do</strong> grupo carlista <strong>na</strong>s três últimas décadas acabam por se constituir<br />

em sínteses <strong>do</strong> seu projeto político.<br />

No entanto, recorren<strong>do</strong> mais uma vez a Ortiz, como os projetos de construção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

parecem ter-se evapora<strong>do</strong> <strong>na</strong> poeira da história, hoje a discussão sobre a elaboração de uma<br />

identidade (seja ela <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, regio<strong>na</strong>l ou local) se dá num outro panorama, configura<strong>do</strong> agora<br />

pelos intensos fluxos trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de gentes, capital e bens simbólicos, apontan<strong>do</strong> o olhar<br />

assim para uma outra direção: a de passarmos da defesa <strong>do</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l-popular para a<br />

exportação <strong>do</strong> ‘inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l-popular’, de mo<strong>do</strong> que a temática em torno da elaboração de<br />

uma identidade se transforma em ideologia que justifica os projetos <strong>do</strong>s grupos empresariais –<br />

e também gover<strong>na</strong>mentais – <strong>na</strong> sua inserção no acirra<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da cultura mundializada<br />

(ORTIZ, 2001). É esclarece<strong>do</strong>r dessa estratégia o trecho extraí<strong>do</strong> de um <strong>do</strong>cumento oficial da<br />

<strong>Bahia</strong>tursa, data<strong>do</strong> de mea<strong>do</strong>s da década de 80:<br />

118<br />

... era necessário cuidar para preservar o patrimônio turístico da <strong>Bahia</strong>,<br />

valorizan<strong>do</strong> todas as manifestações artísticas e culturais, além <strong>do</strong>s seus<br />

monumentos arquitetônicos e históricos. Porque esse é o conteú<strong>do</strong><br />

essencial, são os componentes da <strong>Bahia</strong> como produto turístico que<br />

precisam ser guarda<strong>do</strong>s para que o produto se mantenha forte e competitivo<br />

no merca<strong>do</strong> (BAHIA, 1987, p. 13).<br />

Apropriar-se <strong>do</strong> capital simbólico que gravita em torno da baianidade passa a ser uma<br />

espécie de eixo conceitual que vai orientar por um longo perío<strong>do</strong> a elaboração <strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />

“Produto <strong>Bahia</strong>”. Um produto turístico diferencia<strong>do</strong> porque prenhe de elementos materiais<br />

(um valioso patrimônio histórico-arquitetônico), <strong>na</strong>turais (um extenso litoral e reservas<br />

ambientais) e simbólicos (um lega<strong>do</strong> histórico, tor<strong>na</strong><strong>do</strong> vivo através das diversas<br />

manifestações culturais e religiosas, da culinária e principalmente <strong>do</strong> “jeito” de ser “alegre”,<br />

“benfazejo” e “festeiro” <strong>do</strong> baiano) que foram ciosamente cindi<strong>do</strong>s pelo poder público local<br />

como política de desenvolvimento <strong>do</strong> turismo no competitivo merca<strong>do</strong> de bens simbólicos

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