Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
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commercial circuits, or who subvert commercialization through irreverence<br />
and other challenges. At this turn of the century, the debate on the<br />
privatization of culture is part of the struggle to shape the epochal<br />
transformation that the concept of modernity is undergoing (CANCLINI ,<br />
2003).<br />
Andreas Huyssen (1997) vai considerar essa distinção categórica entre alta e baixa<br />
cultura – categoria que ele cunha de o ‘Grande Divisor’ – como uma espécie de axioma que<br />
melhor define teoricamente as zo<strong>na</strong>s limítrofes entre o modernismo e pós-modernismo.<br />
Dan<strong>do</strong> voz às suas próprias palavras: “Para mim, esta divisão é mais importante para uma<br />
compreensão teórica e histórica <strong>do</strong> modernismo e suas conseqüências <strong>do</strong> que a suposta<br />
ruptura histórica que, aos olhos de muitos críticos, separa o pós-modernismo <strong>do</strong> modernismo”<br />
(HUYSSEN, 1997, p.9).<br />
Para o autor, o discurso <strong>do</strong> Grande Divisor será a marca pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte da cultura da<br />
modernidade, que foi constituída por aquilo que ele chamou de “ansiedade contra a<br />
contami<strong>na</strong>ção por seu ‘outro’”, ou seja, pela estratégia de distanciamento de uma cultura de<br />
massa cada vez mais extensa e envolvente. Neste senti<strong>do</strong>, a modernidade foi caracterizada<br />
principalmente pela tentativa de buscar ansiosamente a autonomia da obra de arte ao tempo<br />
em que recusava, com certa hostilidade, a emergência da cultura popular daquelas<br />
manifestações mais estritamente ligadas ao cotidiano, à trivialidade <strong>do</strong> “mun<strong>do</strong> da vida”, por<br />
assim dizer, e que posteriormente se transformaram <strong>na</strong> versão moder<strong>na</strong> da cultura de massa<br />
comercial.<br />
Apesar de ser um sintoma típico <strong>do</strong>s tempos de agora, o movimento em busca da ruptura<br />
da distinção entre a arte elevada e a cultura de massas com vistas a questio<strong>na</strong>r a autonomia da<br />
obra de arte remonta a tendências recorrentes no interior <strong>do</strong> próprio modernismo. O dadaísmo,<br />
o construtivismo e o surrealismo são exemplos de movimentos de vanguarda modernos, de<br />
alto teor revolucionário, que tentaram desafiar a dicotomia entre a alta cultura e a cultura<br />
popular através de uma reaproximação da arte com a vida. Huyssen (1997), não obstante,<br />
reconhece a existência desses movimentos de resistência, mas não os considera suficientes<br />
(pois não tiveram efeitos dura<strong>do</strong>uros) para romper por completo com o paradigma divisor que<br />
imperou por longas décadas no modernismo. Dessa forma, é concedida à dinâmica<br />
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