Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
projetos políticos oficias, sen<strong>do</strong> alvo de sistemática intervenção por parte <strong>do</strong> governo.<br />
Diversas instituições culturais, ligadas às mais diferentes áreas, vão sen<strong>do</strong> criadas no bojo <strong>do</strong><br />
Ministério, fortalecen<strong>do</strong> institucio<strong>na</strong>lmente a influência política da pasta. Compon<strong>do</strong> essa<br />
estrutura, podemos destacar o Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> Livro, o Serviço Nacio<strong>na</strong>l de Teatro, o<br />
Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Cinema Educativo e o Serviço <strong>do</strong> Patrimônio Histórico e Artístico<br />
Nacio<strong>na</strong>l – SPHAN. Na sua grande maioria são organismos chefia<strong>do</strong>s pela elite intelectual<br />
cooptada pelo Esta<strong>do</strong>.<br />
Porém, como ressalta Cecília Fonseca (1997), mais <strong>do</strong> que ter servi<strong>do</strong> como instrumento<br />
de consolidação <strong>do</strong> regime getulista, a gestão de Capanema abriu um espaço privilegia<strong>do</strong> para<br />
uma participação mais ampla <strong>do</strong>s modernistas que, por sua vez, ampara<strong>do</strong>s <strong>na</strong> legalidade <strong>do</strong><br />
aparelho estatal, podiam atuar mais livremente, a salvo das pressões políticas. Ainda que o<br />
modernismo se caracterizasse como um movimento revolucionário em seus objetivos, era<br />
suficientemente amplo em suas interpretações, fato que permitiu uma aproximação, não sem<br />
tensões, ao regime autoritário daquela época. O tom da aproximação entre o ministro<br />
Capanema e o movimento modernista residia mais <strong>na</strong> “tentativa de fazer <strong>do</strong> catolicismo<br />
tradicio<strong>na</strong>l e <strong>do</strong> culto de símbolos e líderes da pátria a base mítica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> forte que se<br />
tratava de construir” e menos <strong>na</strong> busca das raízes vitais <strong>do</strong> povo brasileiro, aspecto relevante<br />
<strong>do</strong>s ideais de Mário de Andrade, por exemplo (SCHWARTZMAN e outros, 2000, p.98).<br />
Interessava também ao ministro estabelecer uma vinculação mais próxima com a arte e<br />
a cultura de elite <strong>do</strong> país, desenvolven<strong>do</strong> as linguagens artísticas mais identificadas com a alta<br />
cultura, como a música, a literatura e as artes plásticas. Contu<strong>do</strong>, essas ações deviam estar<br />
alinhadas ao objetivo maior de impedir que a questão da <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade fosse maculada por<br />
outros agentes e ideologias de culturas e <strong>na</strong>ções estrangeiras. Como assi<strong>na</strong>la o autor:<br />
Era sem dúvida no envolvimento <strong>do</strong>s modernistas com o folclore, as artes, e<br />
particularmente com a poesia e as artes plásticas, que residia o ponto de<br />
contato entre eles e o ministério. Para o ministro, importavam os valores<br />
estéticos e a proximidade com a cultura; para os intelectuais, o Ministério<br />
da educação abria a possibilidade de um espaço para o desenvolvimento de<br />
seu trabalho, a partir <strong>do</strong> qual supunham que poderia ser contrabandea<strong>do</strong>, por<br />
assim dizer, o conteú<strong>do</strong> revolucionário mais amplo que acreditavam que<br />
suas obras poderiam trazer (SCHWARTZMAN e outros, 2000, p.99).<br />
66