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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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Esse para<strong>do</strong>xo que marca a especificidade <strong>do</strong> campo artístico pode ser constata<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

constituição e <strong>na</strong> dinâmica <strong>do</strong> sistema de produção <strong>cultural</strong>, representa<strong>do</strong> pela oposição e pela<br />

complementaridade que se estabelece entre o campo de produção restrita e o campo da grande<br />

produção. Esses <strong>do</strong>is campos que, segun<strong>do</strong> o autor, possuem lógicas de funcio<strong>na</strong>mento<br />

distintas, “só podem ser complementariamente defini<strong>do</strong>s através de suas relações”<br />

(BOURDIEU, 2001, p.139). É neste antagonismo que se instaura os <strong>do</strong>is princípios<br />

nortea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> grau de autonomia de determi<strong>na</strong><strong>do</strong> sistema de produção <strong>cultural</strong>, a saber: o<br />

princípio de autonomia (a arte pela arte) e o princípio de heteronomia – autonomia relativa<br />

(práticas culturais subsumidas ao volume <strong>do</strong> público ou às leis de merca<strong>do</strong>), representa<strong>do</strong>s<br />

respectivamente pelos campos da produção restrita e da grande produção.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o grau de autonomia irá variar de acor<strong>do</strong> com o maior ou menor gradiente<br />

de subordi<strong>na</strong>ção entre os princípios de hierarquização exter<strong>na</strong> e hierarquização inter<strong>na</strong>, ou<br />

seja, entre os índices de consagração externos ou internos a determi<strong>na</strong><strong>do</strong> campo. A título de<br />

exemplificação, no campo da grande produção, o que irá prevalecer será o princípio de<br />

hierarquização exter<strong>na</strong>, medi<strong>do</strong>, por exemplo, pelo sucesso comercial da obra. Constata-se,<br />

então, um maior grau de dependência desse campo aos indica<strong>do</strong>res externos, derivantes da<br />

dinâmica de funcio<strong>na</strong>mento de outros campos, como o da economia ou o da política, por<br />

exemplo. Diferentemente <strong>do</strong> sistema da indústria <strong>cultural</strong>, a estrutura e o funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong><br />

campo de produção restrita serão defini<strong>do</strong>s com base no poder que dispõe de produzir suas<br />

próprias regras de produção e critérios de avaliação de seus produtos, referenda<strong>do</strong>s pelo<br />

reconhecimento de seus pares. Portanto, a referencialidade da obra e <strong>do</strong> artista bem como sua<br />

possível consagração estão condicio<strong>na</strong>das, aqui, à legitimidade conferida entre os “iguais”,<br />

sen<strong>do</strong> desconsiderada a lógica que norteia os princípios merca<strong>do</strong>lógicos da grande produção.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, o grau de autonomia de um campo da produção restrita será medi<strong>do</strong> pela<br />

maior ou menor capacidade que terá de regular-se pelos seus próprios princípios de<br />

legitimidade <strong>cultural</strong> e de ser refratário aos princípios de divisão externos como a<br />

diferenciação econômica, social ou política. Assim, índices como o “sucesso de público”,<br />

essencial para o campo da grande produção, constitui-se em uma espécie de “ameaça” à<br />

pretensão <strong>do</strong> campo da produção erudita em monopolizar seus princípios de consagração<br />

<strong>cultural</strong>. Esclarecen<strong>do</strong> ainda a assertiva, Bourdieu acrescenta que: “O grau de autonomia de<br />

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