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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is – reorganizam-se em relação às novas tecnologias de promoção mercantil e de<br />

consumo” (CANCLINI, 2000, p.56-57).<br />

Dessa forma, uma nova lógica passa a imperar e a se impor até mesmo nos padrões de se<br />

avaliar a arte 2 . Os novos intermediários culturais, sobre os quais se referiu Featherstone,<br />

passam a ocupar posições mais privilegiadas e estratégicas <strong>na</strong> constituição e di<strong>na</strong>mização <strong>do</strong><br />

campo artístico <strong>do</strong> que os agentes clássicos como críticos, artistas e historia<strong>do</strong>res. Na<br />

montagem de uma exposição de um grande artista como Picasso, por exemplo, indica<strong>do</strong>res de<br />

caráter econômico (geração de empregos em setores indiretamente envolvi<strong>do</strong>s com a<br />

atividade artística como o turismo, a publicidade, etc.) são ferramentas essenciais para atração<br />

de novos investi<strong>do</strong>res no setor da produção artística.<br />

Fazen<strong>do</strong> convergir interesses aparentemente díspares como o comércio, o turismo e a<br />

publicidade, os novos responsáveis sobre o campo da arte parecem torná-lo cada vez mais um<br />

nicho de promissor retorno fi<strong>na</strong>nceiro para quem nele investe, e menos um espaço de<br />

expressão criativa, constatação que leva Canclini (2000) a perguntar pela presumível<br />

autonomia da arte e a busca pela sua renovação estética.<br />

To<strong>do</strong> esse processo é engata<strong>do</strong> por uma máqui<strong>na</strong> bem azeitada de produção e circulação<br />

<strong>do</strong>s bens simbólicos que, orienta<strong>do</strong> por uma lógica mercantil, alia difusão e publicidade em<br />

larga escala, fazen<strong>do</strong> restaurar valores antes cultiva<strong>do</strong>s por um pequeno círculo de<br />

especialistas. Ao mesmo tempo promove a sua difusão a um público “leigo” cada vez mais<br />

amplia<strong>do</strong>, garantin<strong>do</strong>-lhes “a verossimilhança da experiência artística no momento <strong>do</strong><br />

consumo” (CANCLINI, 2000, p.64).<br />

Como mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> anteriormente, toda essa dinâmica parece, então, confirmar aquela<br />

aporia mais evidente da modernidade que se estabelece de mo<strong>do</strong> taxativo no campo da<br />

produção artístico-<strong>cultural</strong>, indican<strong>do</strong> assim a desconfiança no evolucionismo <strong>cultural</strong><br />

propaga<strong>do</strong> pelo projeto emancipa<strong>do</strong>r moderno: o desvanecimento da autonomia confiada ao<br />

campo da arte e a tensão de interesses conflitantes gerada através da inevitável interação com<br />

2 Canclini (2000, p.60) faz uma alusão ilustrativa sobre os novos processos de avaliação da arte ao relatar uma<br />

pesquisa que se dedicou à compreensão das mudanças de procedimentos de consagração artística. A pesquisa<br />

revela o interessante fato da contínua transformação, ao longo das últimas décadas, <strong>do</strong> arranjo de agentes<br />

porta<strong>do</strong>res de autoridade para avaliar as obras artísticas. A evidência mais taxativa é o contínuo desaparecimento<br />

<strong>do</strong>s artistas <strong>do</strong>s grupos de especialistas dedica<strong>do</strong>s a julgar o caráter estético das obras, ao la<strong>do</strong> da crescente<br />

presença de outros atores (colecio<strong>na</strong><strong>do</strong>res, marchands, investi<strong>do</strong>res fi<strong>na</strong>nceiros, administra<strong>do</strong>res de arte) que por<br />

sua vez pautam seu julgamento sob aspectos extra-estéticos.<br />

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