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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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CNRC (1975). São implanta<strong>do</strong>s ainda o Conselho Nacio<strong>na</strong>l de Direito Autoral e o Conselho<br />

Nacio<strong>na</strong>l de Cinema. Ocorre, ainda neste perío<strong>do</strong>, um revigoramento de importantes órgãos já<br />

existentes, pois passam a dispor de maior autonomia administrativa e fi<strong>na</strong>nceira em relação ao<br />

próprio aparelho <strong>do</strong> Ministério da Educação. É o <strong>caso</strong> da Embrafilme e <strong>do</strong> Serviço Nacio<strong>na</strong>l<br />

de Teatro (MICELI, 1984a).<br />

Também nesse perío<strong>do</strong> se intensifica uma conhecida prática <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>: a cooptação de<br />

intelectuais e da classe artística para compor o aparelho administrativo da gestão <strong>cultural</strong><br />

oficial. Assim, com a criação de novos órgãos, o governo promove a inserção desses agentes<br />

no seio <strong>do</strong> poder legítimo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ao nomeá-los para assumir importantes cargos em<br />

instituições culturais oficiais – lembremo-nos aqui <strong>do</strong>s cineastas <strong>do</strong> Cinema Novo <strong>na</strong><br />

Embrafilme. Esse fato contribuiu para a constituição de alianças aparentemente ambíguas,<br />

porém politicamente estratégicas e beneficiárias para as duas partes – para o Esta<strong>do</strong> e para os<br />

intelectuais. Desse mo<strong>do</strong>, seja empregan<strong>do</strong> artistas e intelectuais, seja através de seu apoio<br />

direto à viabilização de obras de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s artistas, o Esta<strong>do</strong> vai se consolidan<strong>do</strong> como o<br />

principal mece<strong>na</strong>s da cultura brasileira nos anos setenta.<br />

Os princípios conceituais que passaram a guiar a <strong>Política</strong> Nacio<strong>na</strong>l de Cultura guardam<br />

semelhanças entre os princípios <strong>do</strong>utrinários acerca <strong>do</strong> conceito de cultura brasileira que<br />

embasou planos e diretrizes que vinham sen<strong>do</strong> formula<strong>do</strong>s pelo CFC nos seus anos iniciais,<br />

concepção essa que apreende a cultura brasileira como produto da miscige<strong>na</strong>ção de diferentes<br />

etnias, ten<strong>do</strong> no sincretismo a imagem síntese <strong>do</strong> ‘ser <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l’. Esse novo plano oficial,<br />

porém, difere <strong>do</strong>s planos anteriores por sugerir um amálgama entre duas vertentes<br />

aparentemente opostas: uma visão mais “essencialista” da cultura e outra mais instrumental.<br />

Essencialista porque em seu discurso havia continuidade de propósitos de preservar a<br />

identidade e a idiossincrasia da cultura brasileira – “antes de qualquer medida precisamos<br />

verificar a própria essência da nossa cultura”, exortava o referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento cita<strong>do</strong> por Cohn<br />

(1984,p.93). Instrumental <strong>na</strong> medida em que os pressupostos filosóficos <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, por<br />

assim dizer, alinhavam-se às perspectivas de desenvolvimento econômico que vicejavam à<br />

época. Nesta direção, à preservação da memória e da identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l somam-se<br />

propósitos mais amplos de desenvolvimento não só econômico como também social e<br />

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