Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
nessa época. Nesse perío<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>cultural</strong> brasileiro vai conhecer um acirra<strong>do</strong> processo<br />
de crescimento, alargan<strong>do</strong>-se em suas dimensões e intensifican<strong>do</strong> a comercialização de seus<br />
bens, ganhan<strong>do</strong> assim uma dimensão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Neste contexto, o problema de integração<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l se coloca para o Esta<strong>do</strong>. Como integrar a diversidade <strong>do</strong> território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l frente a<br />
este novo espaço público identifica<strong>do</strong> como merca<strong>do</strong>? Emerge daí a ideologia de integração<br />
<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ambicio<strong>na</strong>da pelo projeto político <strong>do</strong> regime militar – elemento essencial da<br />
articulação de interesses entre os empresários da indústria da cultura e os militares. Ambos<br />
ambicio<strong>na</strong>vam a integração <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, porém com objetivos diferentes: ao Esta<strong>do</strong> interessava<br />
utilizar os meios de comunicação de massa como instrumento de “unificação política das<br />
consciências”, já aos empreende<strong>do</strong>res <strong>do</strong> ramo da comunicação interessava o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (ORTIZ, 2001, p.118).<br />
Inevitavelmente, com o surgimento de nova classe média e o crescimento <strong>do</strong><br />
contingente populacio<strong>na</strong>l aloca<strong>do</strong> nos grandes centros urbanos, o merca<strong>do</strong> <strong>cultural</strong> ganha um<br />
maior público consumi<strong>do</strong>r de seus bens. Ademais, nesse perío<strong>do</strong> de governos militares, o país<br />
vivencia mais acirradamente a consolidação da industrialização da produção <strong>cultural</strong>, que<br />
agora associada ao capital inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, ganha ânimo e passa a produzir uma diversidade de<br />
bens culturais, em ritmo mais intenso. Recorremos mais uma vez ao pensamento de Re<strong>na</strong>to<br />
Ortiz para ilustrar essa situação:<br />
Durante o perío<strong>do</strong> de 64-80 ocorre uma formidável expansão, a nível da<br />
produção, da distribuição e <strong>do</strong> consumo de bens culturais. É nesta fase que<br />
se dá a consolidação <strong>do</strong>s grandes conglomera<strong>do</strong>s que controlam os meios de<br />
comunicação de massa (TV Globo, Ed. Abril, etc.) (...) Um rápi<strong>do</strong><br />
apanha<strong>do</strong> das diferentes áreas culturais mostra a evidência <strong>do</strong> processo de<br />
expansão – boom da literatura em 1975, advento <strong>do</strong>s best-sellers,<br />
crescimento da indústria <strong>do</strong> disco e o movimento editorial. (...) Mesmo <strong>na</strong><br />
área cinematográfica, que sofre concorrência direta da televisão, os números<br />
são significativos: em 1971 o Brasil possui 240 milhões de especta<strong>do</strong>res, o<br />
que lhe confere a posição de quinto merca<strong>do</strong> interno cinematográfico <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> ocidental (...) O merca<strong>do</strong> brasileiro adquire, assim, proporções<br />
inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is; em 1975, a televisão é o nono merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o disco, o<br />
quinto em 1975, e a publicidade, o sexto em 1976. (ORTIZ, 2003, p.83-84).<br />
Desse mo<strong>do</strong>, a expansão de um merca<strong>do</strong> de bens simbólicos vai possibilitar um novo<br />
mo<strong>do</strong> de atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>na</strong> área específica da cultura. É a partir desse panorama que vai<br />
ocorrer o fenômeno que Sérgio Miceli (1984a) cunhou de “construção institucio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> área<br />
71