Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>cultural</strong> sai <strong>na</strong> frente obten<strong>do</strong> 53% da preferência <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong> brasileiro, enquanto que os<br />
demais setores (assistencial, meio ambiente, científico, esportivo e educacio<strong>na</strong>l),<br />
individualmente, não ultrapassam os 13% (BRASIL,1998a, p.24).<br />
Os números que envolvem este mecanismo de fi<strong>na</strong>nciamento à cultura são rotun<strong>do</strong>s,<br />
principalmente se a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s a partir de 1995, após a reforma da lei. Se forem considera<strong>do</strong>s,<br />
por exemplo, o aumento da demanda de projetos culturais, candidatos a pleitearem os<br />
benefícios da lei, o número de empresas patroci<strong>na</strong><strong>do</strong>ras e o volume de recursos envolvi<strong>do</strong>s,<br />
logo se constatará uma certa exuberância <strong>na</strong>s cifras e quantitativos mobiliza<strong>do</strong>s por este<br />
instrumento de fomento à produção <strong>cultural</strong> brasileira. Segun<strong>do</strong> pesquisa realizada por<br />
Cristiane Olivieiri (2002) sobre os usos da Lei Rouanet, no perío<strong>do</strong> entre 1996 a 2000, o<br />
Ministério da Cultura recebeu 17.356 solicitações, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprovadas 13.543 (78,03%),<br />
sen<strong>do</strong> que ape<strong>na</strong>s 4.099 (23,61%) lograram êxito <strong>na</strong> captação de recursos. No mesmo ritmo,<br />
eleva-se também a participação <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong> brasileiro nesse sistema. Em ape<strong>na</strong>s cinco<br />
anos o número de empresas incentiva<strong>do</strong>ras aumentou em 75%. Como conseqüência, o volume<br />
de recursos capta<strong>do</strong>s através desse sistema de fi<strong>na</strong>nciamento apresenta um crescimento<br />
significativo. Entre 1996 e 2000, a Lei Rouanet – mece<strong>na</strong>to e Fun<strong>do</strong> Nacio<strong>na</strong>l de Cultura –<br />
movimentou a significativa cifra de R$ 1,1 bilhão no fomento à produção <strong>cultural</strong> no país.<br />
Se a continuidade política garantiu uma maior estabilidade <strong>na</strong> gestão da cultura –<br />
diferentemente da descontinuidade político-administrativa que marcou as diferentes gestões<br />
<strong>do</strong>s nove fugazes ministros da cultura no perío<strong>do</strong> entre 1985 a1994 –, por outro la<strong>do</strong>, a eleição<br />
das leis de incentivo (a Rouanet e a <strong>do</strong> Audiovisual, principalmente) como pilares <strong>do</strong><br />
programa de intervenção estatal se traduziu <strong>na</strong> conformação de uma política <strong>cultural</strong> orientada<br />
sobremaneira pela relevância da dimensão econômica imanente ao circuito da produção,<br />
circulação e consumo <strong>do</strong>s bens culturais, vincula<strong>do</strong>s a esfera da grande produção. Uma aposta<br />
declarada pelo próprio Ministro da Cultura quan<strong>do</strong> lançou o seu slogan “cultura é um bom<br />
negócio”, ao tentar elaborar uma síntese sobre o sistema de fi<strong>na</strong>nciamento à cultura que<br />
começava a se consolidar no país.<br />
A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> essa estratégia <strong>do</strong> governo federal, Edson Farias (2001), em elucidativa<br />
formulação, propõe o argumento de que essa tendência liberal de conferir relevância à<br />
dimensão econômica da cultura responde à importância que o ‘merca<strong>do</strong> <strong>cultural</strong>’ assume <strong>na</strong><br />
95