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Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

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O car<strong>na</strong>val passa também a ser objeto das intervenções da <strong>Bahia</strong>tursa. E isso não ocorre<br />

em um vazio <strong>cultural</strong> nem político. Está intimamente liga<strong>do</strong> a fenômenos decisivos que<br />

começavam a dar novas cores à dinâmica <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong> baiano em mea<strong>do</strong>s da década de<br />

70. Trata-se <strong>do</strong> fenômeno cunha<strong>do</strong> por Antonio Risério (1981) de “reafricanização” <strong>do</strong><br />

car<strong>na</strong>val, deflagra<strong>do</strong> através da emergência de blocos afro, ten<strong>do</strong> <strong>na</strong> saída <strong>do</strong> Ilê Ayiê no<br />

Car<strong>na</strong>val de 1975 o seu marco mais simbólico (MIGUEZ, 2002). O outro fenômeno diz<br />

respeito ao surgimento <strong>do</strong>s primeiros blocos de trio elétrico, que desde aí começaram a<br />

prefigurar, de forma ainda incipiente, os contornos <strong>do</strong> empresariamento da festa car<strong>na</strong>valesca<br />

nos moldes como a conhecemos hoje. Assim, embalada nesse novo ritmo, a <strong>Bahia</strong>tursa passou<br />

a planejar e organizar o car<strong>na</strong>val, inician<strong>do</strong> desde aí suas primeiras ações no senti<strong>do</strong> de<br />

racio<strong>na</strong>lizar a organização da festa, inserin<strong>do</strong>-a num processo de “profissio<strong>na</strong>lização” ao<br />

promover, por exemplo, alterações no circuito oficial da e <strong>na</strong> infra-estrutura que dava suporte<br />

ao evento, dan<strong>do</strong> ares à configuração que viríamos a conhecer hoje. Como bem observa<br />

A<strong>na</strong>maria Morales, desde essa época, “o Car<strong>na</strong>val modifica-se também em função da<br />

mercantilização <strong>do</strong> espaço simbólico que ele representa, articula<strong>do</strong> com a indústria <strong>cultural</strong>,<br />

com a indústria turística e com o marketing eleitoral local. Nesse contexto é que se processa a<br />

revalorização de parte da cultura negra, que irá desembocar <strong>na</strong> rentabilização da ‘baianidade’”<br />

(MORALES,1991, p.76).<br />

Em virtude da continuidade administrativa de Paulo Gaudenzi como presidente da<br />

<strong>Bahia</strong>tursa durante duas gestões seguidas (1979-1983 e 1983-1987), pode-se dizer que, <strong>na</strong><br />

década de 80, as ações voltadas à preservação e à valorização <strong>do</strong> patrimônio histórico e<br />

simbólico continuam a ser levadas adiante pela <strong>Bahia</strong>tursa. Diversos eventos culturais foram<br />

apoia<strong>do</strong>s, que iam desde as “tradições” baia<strong>na</strong>s até as manifestações de cunho mais pop,<br />

moder<strong>na</strong>s (MIGUEZ, 2002). Foram promovidas feiras de artesa<strong>na</strong>to, festivais de música e<br />

exposições artísticas. Na capital, foram patroci<strong>na</strong><strong>do</strong>s eventos diferencia<strong>do</strong>s como o ciclo de<br />

festas populares (Festa da Conceição, Procissão <strong>do</strong>s Navegantes, Lavagem <strong>do</strong> Bonfim, Festa<br />

da<strong>do</strong>s que <strong>do</strong>cumentou monumentos de interesse histórico e arquitetônico, que soma<strong>do</strong>s aos equipamentos<br />

anteriormente tomba<strong>do</strong>s pelo IPHAN, compuseram, pela primeira vez, o cadastramento de mais de 100<br />

monumentos baianos. Já no fi<strong>na</strong>l da década de 70 e início <strong>do</strong>s anos 80, a <strong>Bahia</strong>tursa promoveu ações <strong>na</strong> área de<br />

valorização <strong>do</strong> patrimônio histórico artístico e <strong>cultural</strong> através de projetos como a promoção <strong>do</strong> acervo de arte<br />

sacra existente nos museus <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a restauração <strong>do</strong> Palácio Rio Branco e a ilumi<strong>na</strong>ção de 40 monumentos de<br />

Salva<strong>do</strong>r, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Desenbanco e Coelba. (BAHIA, 1974, 1983,1998).<br />

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