Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Secretaria da Cultura e Turismo – uma condição que aparece como justificativa à relevância<br />
conferida pelo governo em incensar e estimular a suposta “vocação” da <strong>Bahia</strong> como pólo<br />
privilegia<strong>do</strong> e de “efervescente” produção <strong>cultural</strong>. Encontrava-se nessa espécie de patch-<br />
work discursivo as justificativas mais plausíveis para o deslanche <strong>do</strong> programa “inova<strong>do</strong>r”<br />
que ora a nova gestão se incumbia de realizar.<br />
No que se refere aos pressupostos conceituais e filosóficos, a orientação da política<br />
estadual de cultura vai estar pautada num discurso que enfatiza um “novo modelo” de gestão<br />
<strong>cultural</strong>, no qual a cultura será entendida como um importante vetor para o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Nessa <strong>na</strong>rrativa, explicitamente amparada em princípios da agenda inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />
para o desenvolvimento, encampada por organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is como a Unesco, o modelo<br />
de intervenção defendi<strong>do</strong> estabelece entre suas prioridades aliar a cultura ao desenvolvimento.<br />
Enfatizan<strong>do</strong> que o conceito de desenvolvimento deve ser exercita<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong> sua relação<br />
com a cultura de mo<strong>do</strong> a englobar “os valores sócio-culturais, as necessidades, as<br />
potencialidades, as formas de expressão e a própria capacidade criativa <strong>do</strong> contexto onde<br />
ocorra a ação” (GAUDENZI, 2000a, p.19).<br />
Essa linha de pensamento está orientada pelas transformações ocorridas mais<br />
intensamente desde a década de 80, sobre o enfoque <strong>do</strong> papel da cultura para o<br />
desenvolvimento global das sociedades. Essa temática ganhou relevância e passou a ser foco<br />
de interesse privilegia<strong>do</strong> para diversos Esta<strong>do</strong>s e organismos intergover<strong>na</strong>mentais – destaque-<br />
se a Unesco – fato que promoveu a realização de numerosos fóruns, congressos e estu<strong>do</strong>s<br />
sobre política <strong>cultural</strong>, elevan<strong>do</strong>-a a uma categoria de assunto estratégico <strong>na</strong> agenda<br />
inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> desenvolvimento das sociedades.<br />
O eixo que gravita em torno dessas inúmeras discussões, promovidas nestes fóruns, diz<br />
respeito sobretu<strong>do</strong> ao estabelecimento de um consenso inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l “acerca de que el<br />
crecimiento de los países no puede evaluarse sólo por índices econômicos, y que el desarrollo<br />
<strong>cultural</strong>, concebi<strong>do</strong> como un avance conjunto de toda la sociedad, necesita u<strong>na</strong> política<br />
pública y no puede ser deja<strong>do</strong> como tarea margi<strong>na</strong>l de elites refi<strong>na</strong>das o libra<strong>do</strong> a la iniciativa<br />
empresarial de grandes consórcios comunicacio<strong>na</strong>les” (CANCLINI,1987, p.17). Esse mesmo<br />
autor vai sugerir que a mudança desse eixo rotativo <strong>na</strong> concepção <strong>do</strong> desenvolvimento está<br />
amplamente apoia<strong>do</strong> <strong>na</strong>s malogradas experiências de aplicação de modelos – sejam eles<br />
148