Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
processam no encadeamento funcio<strong>na</strong>l entre esses agentes; b) a emergência de novas técnicas<br />
de produção, circulação e consumo de bens simbólicos, que imputam transformações <strong>na</strong>s<br />
experiências e práticas simbólicas e c) a problematização de alguns pressupostos funda<strong>do</strong>res<br />
que legitimaram a crença <strong>cultural</strong> da modernidade. To<strong>do</strong>s esses remanejamentos societais<br />
acabaram por conceder um papel de destaque à esfera <strong>cultural</strong> <strong>na</strong> atual experiência social<br />
contemporânea, <strong>na</strong> qual as questões <strong>do</strong>s gostos e <strong>do</strong> consumo passam a ser categorias<br />
determi<strong>na</strong>ntes de sua própria condição:<br />
(...) um mun<strong>do</strong> no qual a “cultura” se tornou uma verdadeira ‘segunda<br />
<strong>na</strong>tureza’. De fato, o que aconteceu com a cultura pode muito bem ser uma<br />
das pistas mais importantes para se detectar o pós-moderno: uma dilatação<br />
imensa de sua esfera (a esfera da merca<strong>do</strong>ria), uma aculturação <strong>do</strong> Real<br />
imensa e historicamente origi<strong>na</strong>l, um salto quântico no que Benjamin ainda<br />
denomi<strong>na</strong>va de “estetização” da realidade (JAMESON, 2000, p.14).<br />
Decerto, esse feixe de transformações que se processam no interior da esfera <strong>cultural</strong><br />
impõe a redefinição <strong>do</strong> papel que os Esta<strong>do</strong>s (principalmente no contexto sócio-político da<br />
América Lati<strong>na</strong>) desempenharam <strong>na</strong> seara <strong>cultural</strong> até mea<strong>do</strong>s da década de 80. Ten<strong>do</strong> o<br />
Esta<strong>do</strong> atua<strong>do</strong> até então como agente protagonista <strong>na</strong> gestão e organização <strong>do</strong> campo <strong>cultural</strong>,<br />
com a consolidação <strong>do</strong> processo de industrialização da cultura e a conseqüente intensificação<br />
<strong>do</strong>s fluxos trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de bens simbólicos, a sua centralidade de atuação foi desestabilizada<br />
em detrimento <strong>do</strong> crescente poderio <strong>do</strong>s conglomera<strong>do</strong>s econômicos priva<strong>do</strong>s. Ainda que<br />
tenha havi<strong>do</strong> uma ampliação das dimensões da esfera da cultura, essa condição emergiu<br />
amparada em grande medida no arcabouço institucio<strong>na</strong>l da sociedade de consumi<strong>do</strong>res –<br />
ten<strong>do</strong> nos dispositivos <strong>do</strong> entretenimento e turismo seus dí<strong>na</strong>mos cruciais –, facultan<strong>do</strong>,<br />
assim, aos Esta<strong>do</strong>s uma posição de agentes coadjuvantes nesse processo. Configuração essa<br />
que nos faz indagar sobre a função das políticas públicas para a cultura, implementadas pelos<br />
governos. Terão as agências estatais consegui<strong>do</strong> sintonizar-se a essas mudanças ou ainda<br />
perenizam <strong>na</strong> sua “clássica” atuação dedicada às atividades de preservação <strong>do</strong> patrimônio<br />
histórico e a subvenção das “artes cultas” que estão perden<strong>do</strong> público? Ou terão si<strong>do</strong> as<br />
políticas culturais oficias também pressio<strong>na</strong>das pela lógica mercantilista imanente à produção<br />
ampliada <strong>do</strong>s bens culturais? A diatribe que gravita em torno <strong>do</strong> debate sobre as leis de<br />
incentivo à cultura, quan<strong>do</strong> acusadas de beneficiar produções identificadas ao circuito<br />
40