Política cultural na Bahia: o caso do Fazcultura - Universidade ...

comando da administração pública local, que tem ainda na figura do senador Antonio Carlos
Magalhães sua persona mais emblemática e aglutinadora. Nesse ritmo, então, vão se
enredando os laços entre os intelectuais e as autoridades políticas do poder local de modo a
conferir um tom idiossincrático ao cenário da produção cultural baiana 17 .
E foi justamente essa a estratégia que o governo baiano lançou mão, tão perspicazmente,
ao empreender seu projeto de modernização cultural: em conjunção com os mecanismos
institucionais da sociedade de consumidores, como o turismo e as indústrias do lazer, o poder
local se apropria dos processos de reconstrução das identidades e lança mão dessa moeda
simbólica para capitalizar o circuito da produção cultural baiana, conferindo assim uma
coloração idiossincrática ao “produto Bahia”, tornando-o diferenciado em meio à profusão de
bens simbólicos que circulam hoje no mercado global.
Assim, num exercício de continuidade administrativa, apesar da reestruturação
institucional provocada pela criação da SCT, as ações voltadas para o programa de
modernização turística e cultural, iniciado na gestão de Antonio Carlos Magalhães, não
sofreram significativas alterações em seu curso. Muito pelo contrário, elas saíram fortalecidas
politicamente pela institucionalização de uma pasta específica, que lhes garantiram
legitimidade, e pelas futuras gestões ininterruptas de Paulo Gaudenzi à frente da SCT. As
áreas de cultura e turismo, a partir de 1995, ganham destaque e passam a integrar
prioritariamente o plano estratégico de desenvolvimento para o Estado (GAUDENZI, 2000a).
Desse modo, programas-chave como o Prodetur e a revitalização do Parque Histórico do
Pelourinho, iniciados no governo anterior, passam a ser também capitaneados pela recém-
nascida Secretaria da Cultura e Turismo.
Na esfera mais específica da cultura, a atuação da secretaria estará alicerçada no
“clássico” papel, por assim dizer, que os governos vêm assumindo ao intervir no domínio
cultural ao longo da história recente do país, qual seja: o de formulação e execução das
políticas estaduais de cultura voltadas prioritariamente para a preservação do patrimônio
artístico e histórico e ao estímulo à produção e difusão dos bens culturais, sejam aqueles
identificados à produção restrita ou, àqueles a que comumente se denomina de manifestações
17 Sobre a reação entre clientelismo político e entidades carnavalescas negras em Salvador ver interessante artigo
de Anamaria Morales (1991), intitulado “Blocos negros em Salvador: reelaboração cultural e símbolos da
baianidade”.
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