15.04.2013 Views

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

eferência dos seus giroscópios, <strong>de</strong> modo que as estrelas pareciam imóveis no céu.<<strong>br</strong> />

Enquanto olhava para aquilo que tantas vezes, e sempre em vão, tentara<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>screver nos seus livros, Gibson teve muita dificulda<strong>de</strong> em analisar as suas<<strong>br</strong> />

emoções – e odiava <strong>de</strong>sperdiçar uma emoção que po<strong>de</strong>ria ter usado <strong>com</strong> algum lucro<<strong>br</strong> />

em letra <strong>de</strong> imprensa. Era muito estranho que nem o <strong>br</strong>ilho nem o próprio número<<strong>br</strong> />

das estrelas tivesse feito gran<strong>de</strong> impressão no seu espirito. Vira céus pouco inferiores<<strong>br</strong> />

àquele no cimo <strong>de</strong> altas montanhas na Terra, ou nas salas <strong>de</strong> observação dos<<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong>s aviões <strong>de</strong> transporte, mas nunca sentira tão fortemente a impressão <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

as estrelas o estavam envolvendo por toda parte, até ao horizonte que já não existia,<<strong>br</strong> />

e mesmo mais abaixo, até aos seus pés.<<strong>br</strong> />

A Estação Espacial era um era um <strong>br</strong>inquedo <strong>com</strong>plicado e muito polido que<<strong>br</strong> />

flutuava, no vazio, a alguns metros da nave. Não havia maneira <strong>de</strong> apreciar o seu<<strong>br</strong> />

tamanho, porque a sua forma nada tinha <strong>de</strong> familiar e o sentido <strong>de</strong> perspectiva<<strong>br</strong> />

parecia ter falhado. A Terra e o Sol eram invisíveis, atrás do corpo da nave.<<strong>br</strong> />

Estranhamente próxima, uma voz <strong>de</strong> ninguém fez-se ouvir através <strong>de</strong> um altofalante<<strong>br</strong> />

escondido:<<strong>br</strong> />

- Cem segundos para a largada. Ocupem as vossas posições, por favor.<<strong>br</strong> />

Gibson sentiu-se tenso e olhou para Jimmy. Antes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r fazer quaisquer<<strong>br</strong> />

perguntas, o seu guia disse apressadamente:<<strong>br</strong> />

- Tenho que voltar ao serviço - e <strong>de</strong>sapareceu num gracioso mergulho, <strong>de</strong>ixando-o<<strong>br</strong> />

sozinho <strong>com</strong> os seus pensamentos.<<strong>br</strong> />

O minuto e meio seguinte passou-se <strong>com</strong> notável lentidão, marcada pela constante<<strong>br</strong> />

contagem do tempo através dos alto-falantes. Gibson perguntou a si próprio quem<<strong>br</strong> />

seria que falava, uma vez que não parecia a voz <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>n. Provavelmente era uma<<strong>br</strong> />

gravação, ligada pelo circuito automático que <strong>de</strong>via ter tomado o <strong>com</strong>ando da nave.<<strong>br</strong> />

- Vinte segundos. A força máxima <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>morar <strong>de</strong>z segundos a ser atingida.<<strong>br</strong> />

- Dez segundos.<<strong>br</strong> />

- Cinco, quatro três, dois, um...<<strong>br</strong> />

Muito suavemente, qualquer coisa agarrou em Gibson e o fez <strong>de</strong>slizar pelo lado<<strong>br</strong> />

curvo da pare<strong>de</strong> coberta <strong>de</strong> vigas até àquilo que <strong>de</strong> repente se tornara um<<strong>br</strong> />

pavimento. Era difícil <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que o «alto» e o «baixo» tivessem voltado mais<<strong>br</strong> />

uma vez - e ainda mais: ligar o seu reaparecimento a esse distante e amortecido<<strong>br</strong> />

trovão que interrompera o silêncio da nave. Muito ao longe, na segunda esfera que<<strong>br</strong> />

era a outra meta<strong>de</strong> da Ares, nesse misterioso e proibido mundo <strong>de</strong> átomos<<strong>br</strong> />

moribundos e máquinas automáticas em que nenhum homem podia entrar e<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>eviver, tinham sido libertadas as forças que mantinham acesas as próprias<<strong>br</strong> />

estrelas. No entanto, não havia aquela sensação <strong>de</strong> aceleração crescente e<<strong>br</strong> />

impiedosa que a<strong>com</strong>panhava sempre a largada <strong>de</strong> um foguete a propulsantes<<strong>br</strong> />

químicos. A Ares tinha um espaço ilimitado para mano<strong>br</strong>ar. Podia acelerar tanto<<strong>br</strong> />

tempo quanto quisesse para libertar-se da sua órbita atual e avançar lentamente<<strong>br</strong> />

para a hipérbole <strong>de</strong> transferência que a levaria a <strong>Marte</strong>, Em qualquer caso, a força do<<strong>br</strong> />

seu propulsor atômico somente podia mover a sua massa <strong>de</strong> duas mil toneladas <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

uma aceleração <strong>de</strong> apenas um décimo <strong>de</strong> g; e naquele momento estava sendo<<strong>br</strong> />

reduzida à meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse valor.<<strong>br</strong> />

Não foi preciso muito tempo para que Gibson voltasse a orientar-se. A aceleração<<strong>br</strong> />

da nave era tão pequena - dava-lhe, pelo que ele calculou, um peso efetivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

menos <strong>de</strong> quatro quilogramas - que a liberda<strong>de</strong> dos seus movimentos ainda era<<strong>br</strong> />

praticamente ilimitada. Depois recordou-se <strong>com</strong> algum atraso da sua máquina<<strong>br</strong> />

fotográfica e <strong>com</strong>eçou a registrar a sua partida. Quando conseguiu um bom

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!