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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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que o pai <strong>de</strong>spediu-se <strong>de</strong>la a noite passada <strong>com</strong>o se... bem, <strong>com</strong>o se nunca mais<<strong>br</strong> />

fosse voltar.<<strong>br</strong> />

Gibson assobiou baixinho. O «Projeto Alvorada» não era apenas uma coisa muito<<strong>br</strong> />

importante. Era também muito perigosa.<<strong>br</strong> />

- Seja o que for, amanhã já saberemos <strong>de</strong> tudo, foi o que me disse Whittaker. Mas<<strong>br</strong> />

creio que sei on<strong>de</strong> Hadfield está..<<strong>br</strong> />

- On<strong>de</strong>?<<strong>br</strong> />

- Lá em cima, em Phobos. Não sei porquê, é a chave do «Projeto Alvorada», e é<<strong>br</strong> />

on<strong>de</strong> o Chefe <strong>de</strong>ve se encontra .<<strong>br</strong> />

Se o escritor tivesse apostado teria uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>cepção. Hadfield estava nesse<<strong>br</strong> />

momento tão longe <strong>de</strong> Phobos <strong>com</strong>o <strong>de</strong> <strong>Marte</strong>. Encontrava-se sentado <strong>com</strong> algum<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sconforto, numa pequena nave carregada <strong>de</strong> cientistas e equipamento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>smontado à pressa. Jogava xadrez – e mal. O seu adversário ainda jogava pior. Era<<strong>br</strong> />

evi<strong>de</strong>nte que queriam apenas passar o tempo.<<strong>br</strong> />

O dia fora longo - o mais longo que Gibson conhecera - e morria lentamente. Todo<<strong>br</strong> />

mundo em Port Lowell sabia que alguma coisa estava para acontecer e formulava as<<strong>br</strong> />

mais fantásticas teorias. Mas aqueles que conheciam a verda<strong>de</strong> nada diziam. Quando<<strong>br</strong> />

a noite chegou, a cida<strong>de</strong> encontrava-se num estado <strong>de</strong> confusão extrema, Gibson<<strong>br</strong> />

perguntou a si mesmo se valeria a pena ficar <strong>de</strong> pé até tar<strong>de</strong>, mas por volta da meianoite<<strong>br</strong> />

resolveu <strong>de</strong>itar-se. Estava dormindo profundamente, quando, invisível e<<strong>br</strong> />

silenciosamente, escondido <strong>de</strong>le pela massa do planeta, o «Projeto Alvorada» atingiu<<strong>br</strong> />

o momento culminante. Só os homens que se encontravam <strong>de</strong>ntro da pequena nave<<strong>br</strong> />

viram o que aconteceu e <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser graves cientistas para gritarem e rirem-se<<strong>br</strong> />

às gargalhadas <strong>com</strong>o rapazinhos da escola, enquanto voltavam correndo para <strong>Marte</strong>.<<strong>br</strong> />

De manhã muito cedo, Gibson foi <strong>de</strong>spertado por gran<strong>de</strong>s pancadas na porta. Era<<strong>br</strong> />

Jimmy, que lhe gritava para que se levantasse e saísse. Vestiu-se <strong>de</strong>pressa, mas<<strong>br</strong> />

quando chegou à porta o rapaz já estava na rua. Port Lowell parecia um enxame <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

abelhas subitamente perturbado.<<strong>br</strong> />

Passou-se um minuto inteiro antes que Gibson <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>sse o que <strong>de</strong>spertara a<<strong>br</strong> />

cida<strong>de</strong>. Surgira a alvorada. O céu, a oriente, estava iluminado pelo sol-nascente. O<<strong>br</strong> />

céu a oriente? Não! meu Deus! Esta alvorada está surgindo do oci<strong>de</strong>nte!<<strong>br</strong> />

Ninguém seria menos supersticioso que Gibson, mas naquele momento o escritor<<strong>br</strong> />

sentiu-se dominado por um terror irracional. A luz tornou-se mais <strong>br</strong>ilhante, cada vez<<strong>br</strong> />

mais <strong>br</strong>ilhante. Os seus raios <strong>com</strong>eçaram a tocar as colinas em volta da cida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Moviam-se rapidamente – muito mais <strong>de</strong>pressa que os do sol – e <strong>de</strong> repente um<<strong>br</strong> />

meteoro dourado e resplan<strong>de</strong>scente subiu do <strong>de</strong>serto, quase verticalmente, para o<<strong>br</strong> />

zênite.<<strong>br</strong> />

Era Phobos - ou fora-o poucas horas antes. Agora era um disco amarelo <strong>de</strong> fogo e<<strong>br</strong> />

Gibson podia sentir o seu calor so<strong>br</strong>e o rosto. A cida<strong>de</strong> estava silenciosa olhando o<<strong>br</strong> />

milagre e tomando lentamente a consciência do que ele podia representar para<<strong>br</strong> />

<strong>Marte</strong>.<<strong>br</strong> />

Era o «Projeto Alvorada» - e o nome não podia ser mais apropriado, O sistema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unicações públicas <strong>de</strong> Port Lowell, tão poucas vezes usado, <strong>com</strong>eçou a funcionar<<strong>br</strong> />

e a voz <strong>de</strong> Whittaker fez-se ouvir através das ruas:<<strong>br</strong> />

- Bom dia. Creio que acordaram todos e viram o que aconteceu. O Diretor Geral<<strong>br</strong> />

está voltando do espaço e gostaria <strong>de</strong> vos falar. Escutem:<<strong>br</strong> />

Ouviu-se um estalido e um momento <strong>de</strong>pois a voz <strong>de</strong> Hadfield, fatigada mas<<strong>br</strong> />

triunfante, surgiu através dos alto-falantes. Era a <strong>de</strong> um homem que travara uma<<strong>br</strong> />

gran<strong>de</strong> batalha e alcançara a vitória.

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