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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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- Não. O diabo que os levem. Nunca se po<strong>de</strong> acreditar numa data indicada por<<strong>br</strong> />

cientistas.<<strong>br</strong> />

Um par <strong>de</strong> jovens, <strong>de</strong> <strong>br</strong>aço dado, passou por eles, sem os ver. Whittaker riu-se<<strong>br</strong> />

por entre os <strong>de</strong>ntes.<<strong>br</strong> />

- Isto lem<strong>br</strong>ou-me uma coisa. Irene parece ter-se agradado do rapaz. Como é que<<strong>br</strong> />

ele se chama ? Spencer.<<strong>br</strong> />

- Oh! Não sei.É sempre uma festa ver uma cara nova, E as viagens no espaço são<<strong>br</strong> />

muito mais românticas do que o trabalho que temos aqui.<<strong>br</strong> />

- Todas as moças bonitas gostam dos marinheiros. Não é? Bem. Não digas que<<strong>br</strong> />

não te avisei.<<strong>br</strong> />

Não tardou a tornar-se evi<strong>de</strong>nte a Gibson que acontecera qualquer coisa <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Jimmy e o que fôra que acontecera. Aprovou a escolha do rapaz: Irene parecia uma<<strong>br</strong> />

bela moça pelo pouco que vira <strong>de</strong>la. Não era muito <strong>com</strong>plicada, o que <strong>de</strong> modo<<strong>br</strong> />

algum constituía uma <strong>de</strong>svantagem. Muito mais importante era o fato <strong>de</strong>la ter uma<<strong>br</strong> />

disposição alegre e feliz, ainda que uma vez ou duas o escritor a tivesse<<strong>br</strong> />

surpreendido numa atitu<strong>de</strong> pensativa que era muito atraente. Era também<<strong>br</strong> />

extremamente bonita; Gibson tinha ida<strong>de</strong> suficiente para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que isso não<<strong>br</strong> />

era muito importante, mas Jimmy podia ter uma opinião diferente.<<strong>br</strong> />

A princípio <strong>de</strong>cidiu-se a não dizer nada so<strong>br</strong>e o assunto. Mas quando o rapaz falou<<strong>br</strong> />

na possibillida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar uma temporada em Port Lowell, não pô<strong>de</strong> dominar-se,<<strong>br</strong> />

apesar <strong>de</strong> ser uma prática usual, por parte dos tripulantes das naves. Mackay, por<<strong>br</strong> />

exemplo, estava dando aulas noturnas <strong>de</strong> matemática, e o po<strong>br</strong>e Dr. Scott nem<<strong>br</strong> />

sequer tivera tempo para respirar, antes <strong>de</strong> ir trabalhar no hospital.<<strong>br</strong> />

Mas Jimmy, ao que parecia, pensava numa coisa diferente. Havia falta <strong>de</strong> pessoal<<strong>br</strong> />

na seção <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> e, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>le, os seus conhecimentos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

matemática po<strong>de</strong>riam ser úteis ali. Gibson ouviu-o <strong>com</strong> autêntica <strong>de</strong>lícia.<<strong>br</strong> />

- Meu bom Jmmy - disse ele -, porque é que me contas tudo isso ? Não há nada<<strong>br</strong> />

que te impeça <strong>de</strong> fazeres o que quiseres.<<strong>br</strong> />

- Bem sei, mas talvez seja mais fácil se me fizer o favor <strong>de</strong> falar a respeito do<<strong>br</strong> />

assunto <strong>com</strong> o «Mayor» Whittaker.<<strong>br</strong> />

- Falarei ao Chefe se quizeres.<<strong>br</strong> />

- Oh, não. Não é... - Jimmy calou-se e tentou corrigir o seu <strong>de</strong>scuido. - Não vale a<<strong>br</strong> />

pena aborrecê-lo <strong>com</strong> tais pormenores.<<strong>br</strong> />

- Olha, Jimmy – disse Gibson num tom muito firme. - Porque é que não cofessas<<strong>br</strong> />

tudo? A idéia é tua ou <strong>de</strong> Irene?<<strong>br</strong> />

Valera a pena viajar até <strong>Marte</strong> para ver a expressão do rapaz. Parecia um peixe<<strong>br</strong> />

que estivesse respirando ar há algum tempo e só então <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>isse isso.<<strong>br</strong> />

- Oh! - disse ele por fim. - Não sabia que tinha <strong>com</strong>preendido. Não diga nada a<<strong>br</strong> />

ninguém, certo?<<strong>br</strong> />

Gibson ia dizer que era <strong>de</strong>snecessário, mas viu qualquer coisa nos olhos do rapaz<<strong>br</strong> />

que o levou a abandonar todos os propósitos <strong>de</strong> fazer humor. Tudo havia voltado ao<<strong>br</strong> />

princípio – sabia bem o que Jimmy sentia. Talvez o rapaz viesse mais tar<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir <strong>de</strong> novo o amor, mas a memória <strong>de</strong> Irene daria cor e forma a toda a sua<<strong>br</strong> />

vida – tal <strong>com</strong>o a própria Irene seria a memória <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al que ele trouxera consigo<<strong>br</strong> />

àquele universo.<<strong>br</strong> />

- Farei o que pu<strong>de</strong>r – disse o escritor, e disse-o <strong>com</strong> todo o seu coração. Ainda que<<strong>br</strong> />

a história pu<strong>de</strong>sse repetir-se, nunca o fazia <strong>com</strong> tanta exatidão, e uma geração podia<<strong>br</strong> />

sempre apren<strong>de</strong>r alguma coisa <strong>com</strong> os erros da última. Algumas coisas estavam para<<strong>br</strong> />

além <strong>de</strong> todo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> previsão, mas ele faria tudo quanto pu<strong>de</strong>sse para auxiliá-

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