Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
construindo aqui um observatório magnético - tem-se falado muito nisso. Os<<strong>br</strong> />
geradores <strong>de</strong> Port Lowell ficariam bem escondidos pelas colinas. Mas não creio que<<strong>br</strong> />
seja essa a explicação porque ouvi... Meu Deus!<<strong>br</strong> />
Tinham saído subitamente da passagem e perante eles estava um oval ver<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
quase perfeito, flanqueado pelas colinas baixas, cor <strong>de</strong> ocre. Tempos atrás aquilo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>veria ter sido um belo lago da montanha; ainda era um alívio pra os olhos<<strong>br</strong> />
fatigados da rocha morta e multicolorida. Mas naquele momento Gibson notou o<<strong>br</strong> />
magnifico tapete <strong>de</strong> vegetação; ficou estupefato perante o grupo <strong>de</strong> cúpulas que,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o uma miniatura <strong>de</strong> Port Lowell, se encontrava no extremo da pequena planicie.<<strong>br</strong> />
Correram em silêncio pela estrada que fôra aberta através da vegetação. Ninguém<<strong>br</strong> />
se movia fora das redomas, mas um gran<strong>de</strong> veículo transportador, várias vezes maior<<strong>br</strong> />
que a Pulda da Areia, mostrava que alguém estava ali.<<strong>br</strong> />
- Que gran<strong>de</strong> instalação - disse o condutor, ao mesmo tempo em que ajustava a<<strong>br</strong> />
sua máscara. - Deve haver uma boa razão para gastarem tanto dinheiro aqui.<<strong>br</strong> />
Esperem um pouco enquanto eu vou falar <strong>com</strong> eles.<<strong>br</strong> />
Viram-no <strong>de</strong>saparecer na <strong>com</strong>porta <strong>de</strong> ar da redoma maior. Aos impacientes<<strong>br</strong> />
passageiros pareceu que ele se <strong>de</strong>morava <strong>de</strong>mais. Depois viram a porta exterior<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>ir-se e o condutor encaminhou-se lentamente para eles,<<strong>br</strong> />
- Bem - perguntou Gibson, ansiosamente, quando o homem voltou à cabine -, que<<strong>br</strong> />
disseram eles?<<strong>br</strong> />
Houve uma pequena pausa; <strong>de</strong>pois o condutor pôs o motor em funcionamento e a<<strong>br</strong> />
Pulga da Areia <strong>com</strong>eçou a afastar-se.<<strong>br</strong> />
- Então on<strong>de</strong> está essa famosa hospitalida<strong>de</strong> marciana? Não nos convidaram a<<strong>br</strong> />
entrar? - gritou Mackay.<<strong>br</strong> />
O condutor parecia atrapalhado. Gibson pensou que ele tinha a aparência <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
homem que acabava <strong>de</strong> fazer uma bela figura <strong>de</strong> idiota.<<strong>br</strong> />
- É uma estação <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> plantas – disse ele, escolhendo as palavras<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> cuidado evi<strong>de</strong>nte – Funciona há pouco tempo e por isso eu nunca tinha ouvido<<strong>br</strong> />
falar nela. Não se po<strong>de</strong> ir lá <strong>de</strong>ntro porque a instalação é esterilizada e não querem<<strong>br</strong> />
que surjam esporos no seu interior – temos todos <strong>de</strong> mudar as roupas e tomar um<<strong>br</strong> />
banho <strong>de</strong>sinfetante.<<strong>br</strong> />
- Compreendo - disse Gibson. - Havia qualquer coisa que lhe dizia para não fazer<<strong>br</strong> />
mais perguntas. Sabia, para além <strong>de</strong> todas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> erro, que o seu guia<<strong>br</strong> />
lhe contara apenas parte da verda<strong>de</strong> – e a menos importante. Pela primeira vez, as<<strong>br</strong> />
pequenas divergências e dúvidas que ignorara ou esquecera <strong>com</strong>eçaram a cristalizarse<<strong>br</strong> />
no seu cére<strong>br</strong>o. Tinham <strong>com</strong>eçado antes <strong>de</strong> chegar a <strong>Marte</strong>, <strong>com</strong> a mudança <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
rumo da Ares para Deimos. E agora surgira aquela estação oculta. Fôra uma<<strong>br</strong> />
surpresa tão gran<strong>de</strong> para o seu guia <strong>com</strong>o para todos eles, mas o condutor<<strong>br</strong> />
procurava anular os efeitos da sua indiscrição aci<strong>de</strong>ntal.<<strong>br</strong> />
Havia qualquer coisa em tudo aquilo, Gibson não fazia i<strong>de</strong>ia do que era. Devia ser<<strong>br</strong> />
muito gran<strong>de</strong>, porque não dizia respeito somente a <strong>Marte</strong>, mas também a Phobos.<<strong>br</strong> />
Era qualquer coisa <strong>de</strong>sconhecida da maior parte dos colonos, ainda que eles<<strong>br</strong> />
colaborassem nela quando a <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>iam.<<strong>br</strong> />
<strong>Marte</strong> estava escon<strong>de</strong>ndo qualquer coisa. E só podia estar escon<strong>de</strong>ndo da Terra.