Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

grandes redomas. Que representaria a Terra para eles? Seria para eles mais real que<br />
os países dos contos de fadas?<br />
Gibson perguntou a si próprio quais seriam as suas reações quando um dia fossem<br />
à Terra, habituadas como estavam a um ambiente completamente artificial. Seria<br />
uma experiência interessante, mas por enquanto nenhuma das crianças nascidas em<br />
Marte atingira a idade suficiente para deixar os pais.<br />
As luzes da cidade estam apagando-se quando o escritor saiu de casa do «Mayor».<br />
Na manhã seguinte ele poria em ordem as suas impressões, mas naquele momento<br />
a maior cidade de Marte parecia-lhe apenae uma aldeia excessivamerrte mecanizada.<br />
Gibson ainda não dominava os problemas do calendário marciano, mas sabia que<br />
os dias da semana tinham o mesmo nome que os da Terra e os meses também,<br />
ainda que a sua duração fosse de cinquenta a sessenta dias. Quando saiu do hotel,<br />
em uma hora que supunha ser razoável, a cidade pareceu-lhe deserta. Todo mundo<br />
já estava trabalhando.<br />
Encontrou o «Mayor» Whittaker assediado pelas secretárias e falando por dois<br />
tetefones ao mesmo tempo. Não teve coragem de interrompê-lo e afastou-se nas<br />
pontas dos pés. Resoiveu passear sozinho. Não havia perigo de se perder. A maior<br />
distância que poderia percorrer em linha reta era de cerca de quinhentos metros...<br />
Passou os seus primeiros dias em Port Lowlell andando às ao redor e fazendo<br />
perguntas, à noite, fazia companhia às famílias de Whittaker e dos outros membros<br />
dos quadros superiores. Não tardou a se sentir como se vivesse ali há vários anos.<br />
Mas sabia que era ainda um estranho: na verdade, vira menos da milésima<br />
milionésima parte da superfície de Marte. Para além do abrigo da redoma, para além<br />
das colinas vermelhas, do limite da planície esmeralda, todo o resto daquele mundo<br />
era um mistério.