Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

enquadramento a estação já parecia estar a uma boa distância. Menos de dez<br />
minutos depois, ela transformara-se num longínquo ponto luminoso que era difícil<br />
distinguir das estrelas.<br />
Quando a Estação Espacial Um desapareceu por completo, Gibson passou para o<br />
lado do dia da nave para tirar algumas fotografias da Terra, que estava ficando para<br />
trás. Quando a viu, era um enorme e fino crescente, demasiado grande para a vista<br />
abranger num só olhar. Estava iluminando-se lentamente, porque a Ares tinha, pelo<br />
menos, de descrever uma órbita à sua volta antes de libertar-se e partir em espiral<br />
para Marte. Devia passar-se uma boa hora antes que a Terra se tornasse<br />
apreciavelmente menor e durante esse tempo passaria de «nova» a «cheia» .<br />
Gibson ainda estava no seu posto de observação quando a Ares atingiu a<br />
velocidade de escape e começou a afastar-se. Não soube quando esse momento<br />
tinha chegado porque a Terra continuava a dominar o céu e os motores não<br />
cessavam de rugir ao longe. Seriam necessárias outras dez horas de funcionamento<br />
contínuo para que eles completassem a sua primeira tarefa e pudessem repousar<br />
durante todo o resto da viagem.<br />
Quando isso aconteceu, o escritor já estava dormindo. O silêncio súbito, a perda<br />
completa da pseudo-gravidade que houvera na nave durante aquelas poucas horas,<br />
despertaram-no, mas não por completo, Olhou sonolento ao redor até que os seus<br />
olhos encontraram as poucas estrelas que podiam ser vistas através das vigias.<br />
Pareciam absolutamente imóveis, Era impossível acreditar que a Ares estava agora<br />
afastando-se da órbita da Terra com uma velocidade tão grande que mesmo o Sol<br />
nunca poderia fazê-la regressar.<br />
Sempre sonolento, apertou as cintas das roupas da cama para não flutuar no<br />
camarote. Passar-se-iam quase cem dias até que voltasse a haver peso.