Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
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toda a curiosida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos estar ao lado <strong>de</strong>les enquanto <strong>com</strong>em toda a vegetação<<strong>br</strong> />
à nossa volta. Des<strong>de</strong> que não os importunemos, não nos dão a mínima atenção.<<strong>br</strong> />
- E se os perturbam?<<strong>br</strong> />
- Tentam empurrar-nos para fora do caminho <strong>de</strong>les, <strong>com</strong>o se fôssemos um<<strong>br</strong> />
obstáculo qualquer. Mas nunca se aborrecem.<<strong>br</strong> />
- Então <strong>com</strong>o explicam a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste cavalheiro? - disse Gibson apontando para<<strong>br</strong> />
Squik, que estava rebuscando nos seus bolsos. - Não tem fome. Acabo <strong>de</strong> oferecerlhe<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>ida. É apenas curiosida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
- Talvez seja uma fase por que eles passam quando são jovens.<<strong>br</strong> />
- Po<strong>br</strong>e Squik! Por vezes tenho pena <strong>de</strong> o ter afastado do seu «lar». Mesmo assim,<<strong>br</strong> />
a idéia foi vossa. Vamos passear?<<strong>br</strong> />
Squik pulou imediatamente para a porta.<<strong>br</strong> />
- Viram isto? - exclamou o escritor – Ele <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> o que eu digo!<<strong>br</strong> />
- Bem... Acontece o mesmo <strong>com</strong> um cão quando ouve uma or<strong>de</strong>m. Talvez seja<<strong>br</strong> />
apenas uma questão <strong>de</strong> hábito. Po<strong>de</strong> trazê-lo <strong>de</strong> volta daqui a meia hora? Estamos<<strong>br</strong> />
preparando o eletro-encefalógrafo para o examinarmos.<<strong>br</strong> />
Os habitantes <strong>de</strong> Port Lowell já estavam habituados a ver aquele estranho par<<strong>br</strong> />
dando o seu passeio diário pelas ruas. De resto, estava-se no princípio da tar<strong>de</strong> e a<<strong>br</strong> />
população juvenil estava ainda nas escolas. Não havia ninguém à vista na Rua<<strong>br</strong> />
Larga, mas por fim surgiu à distância uma figura familiar. Hadfield dava o seu<<strong>br</strong> />
habitual passeio <strong>de</strong> inspeção e, <strong>com</strong>o <strong>de</strong> costume, andava a<strong>com</strong>panhado pelos seus<<strong>br</strong> />
animaizinhos <strong>de</strong> estimação.<<strong>br</strong> />
- Que jardim zoológico! - exclamou Hadfield, numa gargalhada,<<strong>br</strong> />
- Já vieram algumas notícias da Terra ? - perguntou Gibson, ansioso.<<strong>br</strong> />
- Por Deus! Enviei a sua petição há dois dias! Só ao fim <strong>de</strong> uma semana<<strong>br</strong> />
costumamos ter resposta.<<strong>br</strong> />
O escritor se perguntou se teria coragem <strong>de</strong> mencionar os dois outras assuntos<<strong>br</strong> />
que o preocupavam: o «Projeto Alvorada» e Irene. Pelo que dizia respeito a Irene,<<strong>br</strong> />
prometera fazê-lo e não teria outro remédio, mais tar<strong>de</strong> ou mais cedo. Mas<<strong>br</strong> />
primeiramente teria <strong>de</strong> falar <strong>com</strong> a própria Irene - e isso seria uma excelente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sculpa para não dizer nada naquele momento.<<strong>br</strong> />
Demorou tanto que o assunto fugiu-lhe das mãos. Foi Irene quem o apresentou,<<strong>br</strong> />
sem dúvida instigada por Jimmy. E pela cara do rapaz, no dia seguinte, era fácil<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>duzir qual fora a resposta.<<strong>br</strong> />
As sugestões <strong>de</strong> Irene tinham sido um tremendo choque para Hadfield, que sem<<strong>br</strong> />
dúvida, supunha ter dado à sua filha tudo quanto ela necessitava. No entanto, era<<strong>br</strong> />
um homem muito inteligente para adotar a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um pai profundamente<<strong>br</strong> />
magoado. Limitara-se a enunciar as razões lúcidas e inegáveis pelas quais Irene não<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ria ir à Terra antes dos vinte e um anos, quando ele voltasse ali para umas<<strong>br</strong> />
longas férias. E isso representava três anos <strong>de</strong> espera.<<strong>br</strong> />
- Três anos! - lamentou-se Jimmy. - É <strong>com</strong>o se fossem três vidas inteiras!<<strong>br</strong> />
Gibson <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u-o, mas tentou chamar-lhe a atenção para o lado bom das<<strong>br</strong> />
coisas.<<strong>br</strong> />
- Não é tão longo <strong>com</strong>o se po<strong>de</strong>ria pensar. Até então, já terás <strong>com</strong>pletado o teu<<strong>br</strong> />
curso e ganharás muito mais dinheiro do que os rapazes da tua ida<strong>de</strong>. Lem<strong>br</strong>a-te <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
que o tempo corre sempre muito <strong>de</strong>pressa. Outra coisa: ele sabe do que se passa<<strong>br</strong> />
contigo?<<strong>br</strong> />
- Creio que não. Pensei uma vez ou duas em falar-lhe. Mas tive medo.