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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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do gigante do espaço. Ir para «norte» significava caminhar na direção da sala <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ando e dos alojamentos dos tripulantes. Ir até ao «equador» significava que se<<strong>br</strong> />

procurava a gran<strong>de</strong> sala <strong>de</strong> jantar, que ocupava a maior parte do plano central da<<strong>br</strong> />

nave, ou a galeria <strong>de</strong> observação, que a ro<strong>de</strong>ava por <strong>com</strong>pleto. O «hemisfério sul»<<strong>br</strong> />

era, quase todo ele, um tanque <strong>de</strong> propulsante, <strong>com</strong> alguns porões <strong>de</strong> carga e várias<<strong>br</strong> />

maquinarias. Agora que a Ares não usava os seus motores, tinha rodado no espaço<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> modo que o «hemisfério norte» estava perpetuamente sob a luz do Sol, enquanto<<strong>br</strong> />

o «hemisfério sul», «<strong>de</strong>sabitado» , era mantido nas trevas. No «pólo sul» havia uma<<strong>br</strong> />

pequena porta <strong>de</strong> metal <strong>com</strong> uma impressionante série <strong>de</strong> selos oficiais e um aviso:<<strong>br</strong> />

«Para ser aberta somente por ORDEM EXPRESSA do Capitão ou do seu Substituto».<<strong>br</strong> />

Atrás <strong>de</strong>le estava o longo e estreito tubo que ligava o corpo principal da nave <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

esfera menor, a cem metros <strong>de</strong> distância. Nela estavam encerrados o gerador <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

energia e o propulsor. Gibson perguntou-se para que serviria a porta, se ninguém<<strong>br</strong> />

podia lá ir, mas <strong>de</strong>pois recordou-se <strong>de</strong> que os autômatos <strong>de</strong> manutenção da<<strong>br</strong> />

Comissão <strong>de</strong> Energia Atômica tinham <strong>de</strong> entrar por qualquer parte.<<strong>br</strong> />

Por muito estranho que parecesse, Gibson recebeu uma das mais fortes<<strong>br</strong> />

impressões não das maravilhas científicas e técnicas da nave, que ele já esperava<<strong>br</strong> />

ver, mas dos camarotes vazios <strong>de</strong> passageiros - um verda<strong>de</strong>iro cortiço, <strong>com</strong> favos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pactos, ocupando a maior parte da «zona temperada do norte», A impressão foi<<strong>br</strong> />

bastante <strong>de</strong>sagradável. Uma casa nova, em que ninguém vivera, podia ser muito<<strong>br</strong> />

mais solitária que uma velha e <strong>de</strong>serta ruína que em tempos conhecera vida e podia<<strong>br</strong> />

ainda ser povoada por fantasmas.<<strong>br</strong> />

Estava exausto, mental e fisicamente, quando voltou ao seu quarto. Nor<strong>de</strong>n fora<<strong>br</strong> />

um guia <strong>de</strong>masiado consciencioso, e Gibson suspeitava que ouvira palavras que<<strong>br</strong> />

tinham sido escritas por si próprio... e que gostara <strong>de</strong>las. Perguntou a si próprio o<<strong>br</strong> />

que pensariam os seus <strong>com</strong>panheiros das suas ativida<strong>de</strong>s literárias; provavelmente<<strong>br</strong> />

não ficaria ignorando-o por muito tempo.<<strong>br</strong> />

Estava <strong>de</strong>itado no seu beliche, pondo em or<strong>de</strong>m as suas impressões, quando ouviu<<strong>br</strong> />

bater à porta, baixinho. - Que <strong>de</strong>mônio! - disse Gibson, baixinho, e acrescentou, em<<strong>br</strong> />

voz alta: - Quem é?<<strong>br</strong> />

-É Jim... Spencer, Mr. Gibson Tenho uma mensagem <strong>de</strong> rádio para si.<<strong>br</strong> />

O jovem Jimmy flutuou através do quarto, trazendo na mão um so<strong>br</strong>escrito <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

selo do Oficial <strong>de</strong> Comunicações. Estava fechado, mas Gibson pensou que <strong>de</strong>veria ser<<strong>br</strong> />

a única, pessoa a bordo da nave que não conhecia o seu conteúdo, Tinha uma certa<<strong>br</strong> />

idéia do que se tratava e leu em silêncio. Não havia maneira alguma <strong>de</strong> escapar da<<strong>br</strong> />

Terra; apanhavam-no on<strong>de</strong> quer que estivesse.<<strong>br</strong> />

A mensagem era <strong>br</strong>eve e continha apenas uma palavra a mais:<<strong>br</strong> />

New Yorker, Revue <strong>de</strong>s Quatre Mon<strong>de</strong>s, Life Interplanetary querem cinco mil<<strong>br</strong> />

palavras cada. Comunica por favor próximo domingo. Amor. Ruth.<<strong>br</strong> />

Gibson suspirou. Saíra da Terra <strong>com</strong> tanta pressa que nem tivera tempo para uma<<strong>br</strong> />

última conversa <strong>com</strong> o seu agente, Ruth Goldstein, além <strong>de</strong> um apressado<<strong>br</strong> />

telefonema através <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do mundo. Mas dissera-lhe sem ro<strong>de</strong>ios que não<<strong>br</strong> />

queria ser in<strong>com</strong>odado durante uma semana,<<strong>br</strong> />

Agarrou no seu bloco <strong>de</strong> apontamentos e escreveu:<<strong>br</strong> />

Lamento muito. Direitos exclusivos prometidos. Amante Porcos e Galinhas Sul<<strong>br</strong> />

Alabama. Enviarei pormenores <strong>de</strong>ntro alguns meses. Quando envenenas Harry?<<strong>br</strong> />

Amor, Mart.

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