Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Em duas dúzias <strong>de</strong> redações <strong>com</strong>eçaram a <strong>com</strong>por a notícia necrológica, para não<<strong>br</strong> />
per<strong>de</strong>rem tempo. E em Londres ume editor <strong>com</strong>eçou a senti-se muito infeliz, porque<<strong>br</strong> />
tinha feito um bom adiantamento a Gibson.<<strong>br</strong> />
O grito <strong>de</strong> Gibson ainda ecoava através da cabine quando o piloto alcançou os<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>andos. Depois foi atirado ao chão quando a máquina ergueu-se quase na<<strong>br</strong> />
vertical, numa tentativa <strong>de</strong>sesperada <strong>de</strong> fuga para o norte. Quando Gibson pô<strong>de</strong> porse<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> novo <strong>de</strong> pé, viu <strong>de</strong> relance uam encosa alaranjada, <strong>de</strong> contornos<<strong>br</strong> />
estranhamente confusos, avançando para eles a poucos quilômetros <strong>de</strong> distância.<<strong>br</strong> />
Mesmo naquele momento <strong>de</strong> pânico podia ver que que havia qualquer coisa muito<<strong>br</strong> />
estranha, e <strong>de</strong> repente <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u tudo. Não era nenhuma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> montanhas,<<strong>br</strong> />
mas sim qualque coisa não menos mortal. Iriam chocar-se <strong>com</strong> uma muralha <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
areia que o vento fizera subir do <strong>de</strong>serto quase até à estratosfera.<<strong>br</strong> />
O furacão apanhou-os um segundo <strong>de</strong>pois. Qualquer coisa bateu no avião<<strong>br</strong> />
violentameete, <strong>de</strong> um lado e <strong>de</strong> outro, e através do isolamento da fuselagem ouviuse<<strong>br</strong> />
um uivo colérico – o som mais terrível que Gibson escutara em toda a sua vida. A<<strong>br</strong> />
noite fechou-se so<strong>br</strong>e eles, instantâneamente.<<strong>br</strong> />
Tudo se passou em cinco minutos, mas pareceu ter durado uma eternida<strong>de</strong>. Foi a<<strong>br</strong> />
velocida<strong>de</strong> que os salvou, porque o avião atravessou a tempesta<strong>de</strong> <strong>com</strong>o um projétil.<<strong>br</strong> />
Através da vigia traseira o escritor viu pela última vez a tempesta<strong>de</strong> que se afastava<<strong>br</strong> />
para oeste, rasgando o <strong>de</strong>serto.<<strong>br</strong> />
Foi só então, quando os seus ouvidos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser ensur<strong>de</strong>cidos pelo furacão,<<strong>br</strong> />
que Gibson sentiu o segundo choque. Os motores tinham parado.<<strong>br</strong> />
A pequena cabine encheu-se <strong>de</strong> tensão.<<strong>br</strong> />
Depois o piloto disse por cima do om<strong>br</strong>o:<<strong>br</strong> />
- Ponham as máscaras! A fuselagem po<strong>de</strong>rá estourar quando pousarmos.<<strong>br</strong> />
Uma colina passou por eles e <strong>de</strong>sapareceu nas trevas.<<strong>br</strong> />
O avião inclinou-se violentamente para evitar outra e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>u um salto<<strong>br</strong> />
espasmódico quando tocou no chão e pulou <strong>de</strong> novo. Um momento mais tar<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
voltou a tocar e pular, e Gibson preparou-se para o choque inevitável.<<strong>br</strong> />
Passou-se um século antes que ele se atrevesse a relaxar os nervos, sem po<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
acreditar ainda que tinham conseguido pousar sãos e salvos. Depois Hilton tirou a<<strong>br</strong> />
máscara e disse ao piloto:<<strong>br</strong> />
- Fantásttco, Comandamte! Que distância teremos <strong>de</strong> percorrer a pé?<<strong>br</strong> />
Durante um momento não houve resposta. Depois o piloto disse numa voz<<strong>br</strong> />
trêmula:<<strong>br</strong> />
- Alguém po<strong>de</strong> dar-me fogo ? Não sou capaz <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r o cigarro.<<strong>br</strong> />
- Que gran<strong>de</strong> tempesta<strong>de</strong>! - <strong>com</strong>entou Gibson. - Esta coisa acontece muitas vezes<<strong>br</strong> />
em <strong>Marte</strong>? E porque foi que não tivemos aviso algum?<<strong>br</strong> />
O piloto, passado o choque inicial, estava pensando em qualquer coisa. Mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong> um piloto auromático, não <strong>de</strong>veria ter abandonado o seu posto durante tanto<<strong>br</strong> />
tempo...<<strong>br</strong> />
- Nunca vi nenhuma <strong>com</strong>o esta - disse ele. - Isto apesar <strong>de</strong> já ter feito umas<<strong>br</strong> />
cinquenta viagens entre Lowell e Skia. O problema é que não conhecemos nada<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a meteorologia marciana, mesmo na atualida<strong>de</strong> E há apenas meia dúzia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estações meteorológicas no planeta - o que não chega para nos dar uma i<strong>de</strong>ia<<strong>br</strong> />
precisa do que acontece.<<strong>br</strong> />
- E Phobos ? Não po<strong>de</strong>ria ter nos avisado ?<<strong>br</strong> />
O piloto agarrou no seu almananaque e folheou rapidamente as páginas.<<strong>br</strong> />
- Phobos ainda não nasceu - disse ele, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um <strong>br</strong>eve cálculo. - Creio que a