Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br
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oçado pelos anéis. Em poucos meses conseguira <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir mais coisas so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
planeta que em todos os séculos anteriores <strong>de</strong> observação telescópica.<<strong>br</strong> />
Tinham pago isso <strong>com</strong> um preço muito alto. Dois dos tripulantes tinham morrido<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido aos efeitos das radiações, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma reparação <strong>de</strong> emergência em um<<strong>br</strong> />
dos motores nucleares. Tinham sido sepultados em Dione, a quarta lua. O chefe da<<strong>br</strong> />
expedição, o Comandante Envers, fôra morto por uma avalanche <strong>de</strong> ar congelado em<<strong>br</strong> />
Titã. O seu corpo nunca foi encontrado. Hilton assumira o <strong>com</strong>ando e conduzira a<<strong>br</strong> />
Arcturus em segurança <strong>de</strong> regresso a <strong>Marte</strong>, um ano <strong>de</strong>pois, apenas <strong>com</strong> dois<<strong>br</strong> />
homens ajudando-o.<<strong>br</strong> />
Gilbson sabia tudo isso muito bem. Ainda se recordava <strong>de</strong> ter escutado as<<strong>br</strong> />
mensagens que surgiam através do rádio, transmitidas <strong>de</strong> um mundo para outro.<<strong>br</strong> />
Mas era muito diferente ouvir Hilton contar a histótia segundo a sua marreira calma<<strong>br</strong> />
e curiosamente impessoal, <strong>com</strong>o se ele tivesse sido mais um espectador do que um<<strong>br</strong> />
participante.<<strong>br</strong> />
Hilton falou <strong>de</strong> Titã e das suas pequenas oompanheiras, as outras luas que<<strong>br</strong> />
tornavam Saturno quase num segundo sistema solar. Descreveu <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scera na lua<<strong>br</strong> />
mais próxima do planeta - Mimas, afastada <strong>de</strong> Saturno apenas meta<strong>de</strong> da distância<<strong>br</strong> />
que separava a Lua da Terra.<<strong>br</strong> />
- Descemos num gran<strong>de</strong> vão entre duas montanhas; on<strong>de</strong> estávamos certos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
encontrar um solo bastante sólido. Não estávamcs dispostos a repetir o erro que<<strong>br</strong> />
tínhamos <strong>com</strong>etido em Rhea. A gravida<strong>de</strong> não era muito forte - apenas um<<strong>br</strong> />
centésimo da da Terra. Era apenas suficiente para que não saltássemos para o<<strong>br</strong> />
espaço. Gostei daquilo. Mimas tem um dia um pouco mais curto que o da Terra –<<strong>br</strong> />
gira em volta <strong>de</strong> Saturno uma vez em cada vinte e duas horas e mantém a mesma<<strong>br</strong> />
face voltada para o planeta, <strong>de</strong> modo que o dia e o mês tinham o mesmo<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>primento, tal <strong>com</strong>o se estivéssemos na Lua. Tínhamos pousado no hemisfério<<strong>br</strong> />
norte, não muito longe do equador e a maior parte <strong>de</strong> Saturno estava acima do<<strong>br</strong> />
horizonte. Parecia muito estranho - um crescente enorme, agarrado no céu, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
uma montanha impossívelmente curvada <strong>com</strong> milhares <strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> altura.<<strong>br</strong> />
«De resto, viram os filmes que fizemos - epecialmente aquele que, acelerado, nos<<strong>br</strong> />
mostra um ciclo <strong>com</strong>pleto das fases <strong>de</strong> Saturno. Mas não penso que ele lhes dê uma<<strong>br</strong> />
i<strong>de</strong>ia do que era viver <strong>com</strong> essa coisa enorme sempre no céu. Não podíamos ver os<<strong>br</strong> />
anéis muito bem porque eles estavam colocados a cutelo, mas sabiamos on<strong>de</strong> eles<<strong>br</strong> />
estavam por causa da larga cinta som<strong>br</strong>ia que eies projetavam so<strong>br</strong>e o planeta,<<strong>br</strong> />
«Nunca nos fatigávamos <strong>de</strong> olhar para o Planeta. As nuvens, ou seja lá o que<<strong>br</strong> />
fosse, corriam <strong>de</strong> um lado a outro do disco em poucas horas, mudando<<strong>br</strong> />
continuamente <strong>de</strong> forma. E as cores eram maravilhosas – ver<strong>de</strong>s, castanhos e<<strong>br</strong> />
amarelos. De vez em quando havia gran<strong>de</strong>s erupções, muito lentas, e por vezes tão<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong>s <strong>com</strong>o a Terra, que subiam das profun<strong>de</strong>zas e formavam uma gran<strong>de</strong> mancha<<strong>br</strong> />
na meta<strong>de</strong> da circunferência do planeta.<<strong>br</strong> />
«Há uma coisa curiosa <strong>de</strong> que nunca falei porque nunca tive a plena certeza <strong>de</strong>la.<<strong>br</strong> />
Uma vez ou duas, quando estávamos na som<strong>br</strong>a <strong>de</strong> Saturno e o seu disco <strong>de</strong>via<<strong>br</strong> />
mostrar-se <strong>com</strong>pletamente negro, pensei ter visto uma fraca luminosida<strong>de</strong> vinda do<<strong>br</strong> />
lado da noite. Não durou mUilto tempo - se é que <strong>de</strong> fato aconteceu. Talvez fosse<<strong>br</strong> />
qualquer espécie <strong>de</strong> reação química <strong>de</strong>senvolvendo-se nesse cal<strong>de</strong>irão giratório.<<strong>br</strong> />
«Admiram-se que eu <strong>de</strong>seje voltar a Saturno? Desta vez gostaria <strong>de</strong> aproximar-me<<strong>br</strong> />
muito mais – talvez uns mil quilômetros. Basta entrarmos numa órbita parabólica e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixarmo-nos «cair» <strong>com</strong>o um <strong>com</strong>eta que passasse em torno do Sol. É certo que<<strong>br</strong> />
passaremos apenas uns minutos verda<strong>de</strong>iramente perto <strong>de</strong> Saturno, mas po<strong>de</strong>remos<<strong>br</strong> />
obter simultâneamente uma importantíssima documentação..