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Arthur C. Clarke - Areias de Marte.pdf - Mkmouse.com.br

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A Estação Interior - a «Estação Espacial Um», <strong>com</strong>o todos lhe chamavam - estava<<strong>br</strong> />

a pouco mais <strong>de</strong> dois mil quilômetros da superfície da Terra e dava uma volta em<<strong>br</strong> />

torno do planeta em cada duas horas. Fora o primeiro passo do Homem em direção<<strong>br</strong> />

aos outros planetas e, ainda que já não fosse técnicamente indispensável, a sua<<strong>br</strong> />

presença tinha uma gran<strong>de</strong> importância sob o aspecto econômico. As viagens à Lua<<strong>br</strong> />

e aos outros planetas <strong>com</strong>eçavam ali; as naves atômicas flutuavam junto <strong>de</strong>la<<strong>br</strong> />

enquanto a carga vinda do mundo inferior era introduzida nos seus porões.<<strong>br</strong> />

Transbordadores <strong>com</strong> sistemas <strong>de</strong> propulsão químicos ligavam a estação ao planeta,<<strong>br</strong> />

porque a lei não permitia que qualquer motor atômico funcionasse a menos <strong>de</strong> mil<<strong>br</strong> />

quilômetros da superfície da Terra. Até essa margem <strong>de</strong> segurança parecia a muitos<<strong>br</strong> />

não muito a<strong>de</strong>quada, porque o jato radioativo <strong>de</strong> um propulsor nuclear podia co<strong>br</strong>ir a<<strong>br</strong> />

distância em menos <strong>de</strong> um minuto.<<strong>br</strong> />

A Estação Espacial Um crescera <strong>com</strong> os anos, até um ponto em que se os seus<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>senhistas originais teriam sido incapazes <strong>de</strong> reconhecê-la. Em volta do núcleo<<strong>br</strong> />

esférico tinham sido acumulados observatórios, laboratórios <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicações <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

fantásticos sistemas <strong>de</strong> antenas e labirintos <strong>de</strong> equipamento científico que só um<<strong>br</strong> />

especialista podia i<strong>de</strong>ntificar. No entanto, e apesar <strong>de</strong> todas essas adições, a principal<<strong>br</strong> />

função da lua artificial era a <strong>de</strong> reabastecer as pequenas naves <strong>com</strong> que o Homem<<strong>br</strong> />

estava <strong>de</strong>safiando a imensa solidão do Sistema Solar.<<strong>br</strong> />

- Tem certeza <strong>de</strong> que se sente bem agora? - perguntou o médico, enquanto Gibson<<strong>br</strong> />

tentava aguentar-se <strong>de</strong> pé.<<strong>br</strong> />

- Creio que sim.<<strong>br</strong> />

- Então vamos à sala <strong>de</strong> recepção beber qualquer coisa - qualquer coisa quente.<<strong>br</strong> />

Po<strong>de</strong> sentar-se ali e ler o jornal durante meia hora, enquanto <strong>de</strong>cidimos o que vamos<<strong>br</strong> />

fazer consigo.<<strong>br</strong> />

A dois mil quilômetros acima da Terra, <strong>com</strong> as estrelas por todos os lados à sua<<strong>br</strong> />

volta... e ser o<strong>br</strong>igado a beber chá açucarado! Não havia janelas na sala,<<strong>br</strong> />

possivelmente porque a visão dos céus girando rapidamente teria estragado o<<strong>br</strong> />

trabalho dos médicos. A única maneira <strong>de</strong> passar o tempo era passar os olhos pelos<<strong>br</strong> />

montes <strong>de</strong> revistas, que já vira, e que eram difíceis <strong>de</strong> folhear por terem sido<<strong>br</strong> />

impressas em papel muito fino. Por sorte encontrou um exemplar muito velho <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

uma que continha uma história escrita por ele havia tanto tempo que se esquecera<<strong>br</strong> />

por <strong>com</strong>pleto do final, e isso manteve-o feliz até o regresso do médico.<<strong>br</strong> />

- O seu pulso parece normal- disse-lhe ele, contrafeito. - Vamos para a câmara <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

gravida<strong>de</strong>-zero. Siga-me e não se surpreenda <strong>com</strong> o que acontecer.<<strong>br</strong> />

Com aquelas palavras enigmáticas, levou Gibson para um corredor <strong>br</strong>ilhantemente<<strong>br</strong> />

iluminado que parecia curvar-se para cima <strong>de</strong> um lado e <strong>de</strong> outro, do ponto on<strong>de</strong> ele<<strong>br</strong> />

se encontrava. Não teve tempo para examinar o fenômeno porque o doutor a<strong>br</strong>iu<<strong>br</strong> />

uma porta lateral e <strong>com</strong>eçou a subir uma escada metálica. Gibson seguiu-o<<strong>br</strong> />

automaticamente alguns passos e <strong>de</strong>pois <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u o que tinha perante si e<<strong>br</strong> />

parou, <strong>com</strong> um involuntário grito <strong>de</strong> admiração.<<strong>br</strong> />

No local on<strong>de</strong> se encontra, a inclinação da escada era <strong>de</strong> quarenta e cinco graus<<strong>br</strong> />

mas tornava-se cada vez maior até que uns doze metros adiante passava à vertical.<<strong>br</strong> />

Depois - e era algo que impressionava quem visse pela primeira vez - a inclinação<<strong>br</strong> />

continuava a aumentar impiedosamente até que os <strong>de</strong>graus <strong>com</strong>eçavam a so<strong>br</strong>eporse<<strong>br</strong> />

e por fim passavam por cima <strong>de</strong>le e para trás!<<strong>br</strong> />

Ao ouvir a exclamação, o médico olhou para ele e riu-se.<<strong>br</strong> />

- Não acredite sempre no que vê. Venha <strong>com</strong>igo e verá <strong>com</strong>o é fácil.<<strong>br</strong> />

Gibson seguiu-o <strong>com</strong> alguma relutância e ao fazê-lo notou que estavam<<strong>br</strong> />

acontecendo duas coisas muito peculiares. Em primeiro lugar tornava-se cada vez

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